Bastonário da Ordem dos Médicos diz que datas do desconfinamento “podem ser mantidas”
O bastonário da Ordem dos Médicos considerou hoje que as datas do desconfinamento, agendadas pelo Governo, “podem ser mantidas” desde que não se descure parâmetros como “a vacinação, os mecanismos de proteção individual, e a testagem em massa”.
O bastonário da Ordem dos Médicos considerou hoje que as datas do desconfinamento, agendadas pelo Governo, “podem ser mantidas” desde que não se descure parâmetros como “a vacinação, os mecanismos de proteção individual, e a testagem em massa”.
Miguel Guimarães apontou que este é “um momento crítico para evitar que se desconfine mal”, analisando que Portugal, em comparação com outros países, “ainda está numa boa situação, apesar do ligeiro aumento dos casos de covid-19”.
“As datas do desconfinamento podem ser mantidas se tivermos muita atenção às questões da vacinação, da utilização dos mecanismos de proteção individual, e da testagem em massa. Se o fizermos, a taxa de sucesso será grande, mas temos de agir e não ficar apenas por palavras”, alertou o bastonário.
Miguel Guimarães, que abordou o tema numa iniciativa da empresa responsável pelo primeiro ventilador produzido em Portugal com certificação europeia, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, insistiu na questão da vacinação e na necessidade de “transmitir uma imagem de confiança às pessoas”.
“É preciso uma grande campanha para mostrar que temos que ter confiança nas vacinas. Todas elas têm um benéfico que ultrapassa, claramente, os potenciais riscos. Incluindo a da Johnson & Johnson, que seguramente estará em breve em utilização na Europa”, defendeu.
O bastonário da Ordem do Médicos considerou que o coordenador do plano de vacinação, vice-almirante Gouveia e Melo, tem feito “um trabalho notável”, apelando para que o processo seja “simples, eficaz e abrangente”.
“Temos que vacinar o maior número de pessoas, mas não nos podemos dar ao luxo de abranger vários grupos. Todos são importantes, mas temos de priorizar as pessoas mais frágeis, que são as que têm mais idades, e eventualmente nichos mais específicos, como os doentes transplantados”, analisou.
Miguel Guimarães alertou, também, para os casos de pessoas que já tiveram a doença e que não estão, para já, a ser abrangidos no plano de vacinação, lembrando que Portugal e Islândia são os únicos países em que tal acontece.
“A DGS [Direção-Geral da Sáúde] está a tomar muito tempo na decisão de vacinar as pessoas que já tiveram a doença há mais de três meses. Tenho 545 médicos nessa situação e que têm direito a ser protegidos com a vacina. Não sabemos quanto tempo duram os anticorpos, mas em muitos casos eles desaparecem em três a seis meses. Pelo menos uma dose deviam tomar. É isso que vários países europeus estão a fazer”, alertou.
O bastonário da Ordem dos Médicos apelou ainda, que se insista numa estratégia comum europeia quanto aos critérios de inoculação com determinadas vacinas, nomeadamente a da AstraZeneca.
“Não é aceitável que a União Europeia, numa altura crítica, não tenha uma estratégia comum. Isso dá uma imagem de insegurança às pessoas. No caso da vacina da AstraZeneca, se Portugal utiliza para mais de 60 anos, França para 55 a Espanha para 50, por exemplo, e a Dinamarca decide aboli-la, o cidadão europeu não consegue perceber. Era necessária uma atuação igual. A confiança nas vacinas é umas das nossas principais armas”, vincou Miguel Guimarães.
O bastonário da Ordem dos Médicos também insistiu na questão da testagem em massa, dizendo que a mesma tem de ser feita com uma regularidade no mínimo mensal, e não “testar uma escola e depois repetir o procedimento cinco meses depois”, e lembrou a necessidade “de uma grande campanha de sensibilização para a manutenção as regras de higiene e proteção individual”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.961.387 mortos no mundo, resultantes de mais de 137,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Portugal regista hoje mais oito mortes relacionadas com a covid-19 e 684 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), que também assinala uma diminuição no número de internamentos.
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