Fábio Paim sem filtros, do ordenado de 6 mil euros aos 14 anos até ao clube que pagava em pizzas
“Se acham que sou bom, esperem até ver o Fábio Paim”, chegou a dizer Cristiano Ronaldo. Agora, e numa conversa sem filtros, o ex-jogador não deixa nada por dizer.
Aos 35 anos está retirado do futebol. Para a história ficará como aquele que muitos consideram um dos maiores talentos que o futebol mundial já viu nascer. Só que a promessa nunca se concretizou e Fábio Paim acabou por passar ao lado de uma grande carreira. Algo em que o jogador acreditava e que muitos anteviam. Quando a isto, o ex-jogador deixa uma certeza: “o principal culpado sou eu”. Esta é apenas uma das muitas confidências que Paim fez em conversa com Tiago Paiva no podcast Devaneios.
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Em tempos craque da bola, Fábio Paim passou o último verão na pele de relações públicas do Club Vida, na Oura, Algarve. “Gostei muito”, diz. Além disto, dá palestras em universidades e escolas. Sendo que no futuro gostaria de ter um projeto no Sporting, algo que lhe foi prometido quando saiu da prisão, depois de ter sido apanhado com 4 gramas de cocaína. “Seria a cereja no topo do bolo”, assume.
Ordenado de 6 mil euros com 14 anos
Durante a conversa com Tiago Paiva, Fábio Paim falou de tudo, sem qualquer filtro. Como por exemplo o ordenado de 5/6 mil euros que tinha no Sporting aos 14 anos. Depois, quando assinou contrato profissional com os leões, passou a ganhar muito mais. “Todos os finais de época recebia 150 mil euros, tirando o ordenado”, conta. Já 60 mil euros foi o ordenado mais alto que teve ao longo da carreira. Ainda assim, não esconde que “gastava dinheiro estupidamente. Dava tudo a toda a gente”, recorda.
Ser melhor do que Cristiano Ronaldo
Como não podia deixar de ser, a entrevista passou muito pelo futebol. Com o ex-jogador a partilhar diversas aventuras. Como o facto de ter deixado Didier Drogba, então estrela do Chelsea, muito tempo à espera à porta de sua casa, em Londres, para lhe dar boleia para o treino. Já na Oliveirense, decidiu ir para uma discoteca com a carrinha do clube. “Vê bem a cabeça deste homem”, graceja. “Eu a dizer que não era verdade e o presidente a mostrar-me fotos”, conta. Já em Angola, quando estava a sair de uma discoteca, cruzou-se com uma criança que não teria mais de sete anos e que estava vestida de fato. Dizia a Paim que queria entrar na discoteca. O jogador foi-se embora e acordou, na manhã seguinte, com a mesma criança aos pés da sua cama. “Não sei como aconteceu”, recorda.
Fábio Paim recorda ainda o dia em que viajou para Malta, para fazer testes num clube. Viajou apenas de mochila, sem dinheiro e com 90 kgs. “O clube pagava-me com pizza”, diz. Na memória de todos está ainda um vídeo em que Cristiano Ronaldo aparece a dizer “Se acham que sou bom, esperem até ver o Fábio Paim”. Será que o ex-jogador acredita mesmo nisto? “Para ser sincero, sim. Na altura, sim”, diz, mantendo a opinião de que era melhor do que aquele que muitos consideram o melhor jogador de todos os tempos.
Um ano na prisão
O antigo jogador falou ainda sobre o ano que passou preso depois de ter sido apanhado com droga. “Foi uma das experiências que não quero repetir nunca mais”, garante. “No meio do mal foi uma boa experiência. Tive o castigo merecido. Já paguei e estou aqui”, desabafa. Fábio Paim conta ainda duas histórias. “Bateram-me com o cabo da vassoura. Um preso que queria que eu lhe pagasse um telefone que se partiu. Mas somos amigos. Cadeia é rija. Partiu-me um dedo. Se não mostrasse atitude ia levar todos os dias”, conta. Falando depois do melhor momento passado atrás das grades. “Estava a jogar futebol no pátio e torci o tornozelo. Levaram-me ao hospital. Já estava preso há uns cinco, seis meses. Nem me algemaram. Sempre me trataram bem. Foi um alívio estar com outras pessoas. Parece que o ar é outro”, garante.
Aventura com travesti e maior arrependimento
Houve ainda tempo para histórias mais calientes. Como uma já partilhada em que começou a trocar beijos com uma mulher que, afinal, era um homem. Fábio Paim assume que na altura pensava de outra maneira e que hoje seria tudo diferente. “Se estivesse solteiro e me apetecesse, qual era o mal?”, diz. Numa altura em que Tiago Paiva sorteava um gel para atrasar o orgasmo masculino, o ex- jogador fez um desabafo. “Agora, quando tenho um orgasmo começo a chorar”, disse. Acabando por ficar com o produto para si.
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Para o fim, guardámos um dos momentos mais marcantes de quase duas horas de conversa. No meio de tudo isto, qual o maior arrependimento de Fábio Paim? “Não ter pensado mais em mim. Ter pensado mais nos outros do que em mim”, partilha.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: DR
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