Primeira cadeira de esqui adaptado foi hoje utilizada na Serra da Estrela

Uma cadeira que permite a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida fazerem esqui adaptado foi hoje utilizada pela primeira vez em Portugal, na Estância da Serra da Estrela.

Primeira cadeira de esqui adaptado foi hoje utilizada na Serra da Estrela

A utilização do equipamento é gratuita, mediante marcação, e inclui acompanhamento de um dos monitores da Estância de Esqui ou da Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP), que receberam formação para o efeito. O presidente da FDIP, Pedro Farromba, considerou ter sido dado “o primeiro passo” para que mais gente possa começar a praticar desportos de inverno em Portugal, e de esqui adaptado, “independentemente de ser em competição ou em lazer”. “É um primeiro passo para podermos ter mais pessoas a praticar”, sublinhou o dirigente federativo. “Foi um dia emotivo para todos, conseguirmos dar este primeiro passo, que era tão desejado”, acrescentou Pedro Farromba.

O presidente da FDIP acentuou a “ligação próxima” ao Comité Paralímpico, o apoio ao atleta Pedro Herdeiro, no snowboard adaptado, que se encontra numa competição internacional com as cores lusas, e manifestou o desejo de aparecerem mais desportistas nas modalidades adaptadas praticadas na neve e no gelo. “Gostávamos muito que aparecesse um Pedro Herdeiro no esqui adaptado”, frisou Pedro Farromba, segundo o qual existem condições na Estância da Serra da Estrela, “em termos de inclinações e de declive”, que tornam possível a organização de competições de desporto adaptado, mas realçou ter de ser percorrido um caminho na procura de atletas e na sua formação.

O dirigente acentuou o simbolismo do momento e destacou a importância do equipamento, “para que as pessoas possam perceber que o esqui e os desportos de inverno são adaptados a toda a gente, independentemente da sua condição física”. Sandro Carvalho, de Vila Franca de Xira, nunca tinha visto neve e foi surpreendido hoje, quando completou 42 anos, com a possibilidade de deslizar na neve de cultura que tem sido produzida e permitiu abrir cinco pistas. O entusiasmo rapidamente fez esquecer o frio e quando o monitor Diogo explicava ao antigo paraquedista como a cadeira se ia comportar e como devia reagir nas inclinações, Sandro Carvalho apressou-se a comparar: “então, é como andar à pendura de moto”.

A primeira descida foi feita em ritmo lento, a dar indicações a Sandro, que “queria mais adrenalina”, e na volta seguinte ambos serpentearam pela neve com maior agilidade e velocidade. Sandro Carvalho, que há 20 anos ficou paraplégico, num acidente de viação, nunca tinha imaginado a possibilidade de fazer esqui, mas só pensa “em voltar” e já se imagina a utilizar a cadeira sozinho no futuro, depois de a mulher ter contactado a Estância para saber se a Torre tinha condições de mobilidade e de lhe terem preparado “um dos melhores presentes de aniversário” que já recebeu.

“Hoje é o início de uma nova atividade e o objetivo é no futuro termos mais cadeiras. Se houver procura, estamos cá para isso”, referiu o diretor da Estância da Serra da Estrela, Carlos Varandas. Segundo o responsável, apenas a zona das telecadeiras, onde de momento não existe neve, não está preparada para a utilização da cadeira de esqui adaptado, mas garantiu que assim que haja neve suficiente para o efeito serão feitos os testes para modificar a altura do solo ao utilizador com mobilidade reduzida.

O equipamento representou um investimento de seis mil euros e foi oferecido à FDIP pela Fundação do Desporto no final de 2019, mas “por causa das contingências da covid-19 não tinha sido possível pôr em prática uma aula como hoje”, justificou Pedro Farromba. A cadeira tem amortecedores que permitem mudar de direção com a flexibilidade do corpo e é possível a utilização por pessoas de diferentes compleições físicas e para diferentes graus de deficiência.

Impala Instagram


RELACIONADOS