Serviços secretos dos EUA avisam que Putin quer invadir outros países e não só a Ucrânia
O relatório com informação classificada sobre a ameaça russa à Ucrânia a que o Portal de Notícias teve acesso foi submetido ao Congresso norte-americano e às comissões das Forças Armadas da Câmara dos Deputados e do Senado. No documento fica explícita a intenção de Putin invadir outros países.
Em 21 de fevereiro, foi disponibilizado o relatório anual norte-americano de ameaças aos Estados Unidos e aos aliados, em que era chamada a atenção para a possibilidade da atual invasão russa à Ucrânia. Além da Rússia, China, Irão e Coreia do Norte foram apontadas como nações ameaçadoras da segurança dos EUA e aliados, como a NATO e, por inerência, a União Europeia e Portugal. A responsável pelo relatório é Avril Haines – tem profunda experiência em segurança e durante o governo Obama foi assistente do presidente e principal vice-conselheira de segurança nacional.
Haines apontava a invasão agora em curso como expectável, mas não só. A especialista alargava a fronteira de interesses e possível avanço a mais países de Leste. O propósito último seria equilibrar os seus poderes aos dos EUA – equilibrar o braço-de-ferro de influência no teatro internacional através da força. “Esperamos que Moscovo continue a ser uma potência influente e um desafio enorme para os Estados Unidos no decurso da mudança do cenário geopolítico durante a próxima década”, comunicou. A Rússia “continuará a perseguir os seus interesses em matéria de concorrência e às vezes maneiras de confronto e provocação, incluindo pressionar para dominar a Ucrânia e outros países” geograficamente “próximos”. O propósito será o de “explorar possibilidades para alcançar uma relação mais equilibrada com Washington”.
O gabinete de Avril Haines explica no relatório anual de ameaças que a Rússia “não quer um conflito direto com as forças dos EUA”. Procura, antes, “uma acomodação com os Estados Unidos sobre a não interferência mútua nos assuntos internos de ambos os países” e o “reconhecimento da alegada esfera de influência da Rússia sobre grande parte da antiga União Soviética”.
Serviços secretos dos EUA aconselham “resposta robusta” à Rússia pela invasão na Ucrânia
“As autoridades russas “acreditam há muito que os Estados Unidos estão a tentar minar a Rússia, enfraquecer o Presidente Vladimir Putin e instalar regimes amigos do Ocidente nos antigos estados soviéticos e noutros lugares”. Motivos, na avaliação dos serviços secretos norte-americanos, que levam Putin a concluir haver “margem de manobra para retaliar”. A Rússia “continua a preparar-se para um ataque militar contra a Ucrânia”, com “soldados reunidos perto da fronteira com a Ucrânia, incluindo das forças militares russas na Bielorrússia, na Crimeia ocupada e com as forças separatistas no leste da Ucrânia”.
O relatório – a que o Portal de Notícias teve acesso – reuniu contributos de serviços secretos dos países aliados e “permitiu avaliar as ameaças mais diretas e sérias aos Estados Unidos durante o próximo ano” e permitiu concluir a necessidade de uma “resposta robusta” para “evitar maiores ameaças no futuro”. “Conforme exigido por lei”, o relatório foi fornecido aos comités de informação classificada do Congresso bem como às comissões das Forças Armadas da Câmara dos Deputados e do Senado.
Luís Martins
Siga a Impala no Instagram