Tuberculose infeta mil europeus por dia, uma doença que “já não devia exsitir”

A incidência da tuberculose está a diminuir em todo o mundo, mas ainda há mil europeus que ficam doentes a cada dia, numa doença que “não faz sentido que continue a existir”.

Tuberculose infeta mil europeus por dia, uma doença que

A incidência da tuberculose está a diminuir em todo o mundo, mas ainda há mil europeus que ficam doentes a cada dia, numa doença que “não faz sentido que continue a existir”.

De acordo com a coordenadora do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida e Tuberculose, Raquel Duarte, a tuberculose é uma “doença que não devia existir”, uma vez que há tratamento, há prevenção disponível e há meios para a sua deteção. Contudo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias ficam doentes com tuberculose cerca de mil europeus. Portugal tem acompanhado a tendência mundial e europeia de descida da incidência da doença. Só entre 2006 e 2015 o número de casos em Portugal reduziu 36 por cento. Segundo dados provisórios divulgados hoje pela Direção-geral da Saúde (DGS), Portugal registou 18 novos casos por 100 mil habitantes em 2016, voltando portanto a descer.

Para Raquel Duarte, estes números são animadores, mas fazem Portugal traçar uma nova meta, que é descer aos 10 novos casos por 100 mil habitantes. Aliás, apesar da redução constante dos últimos anos, Portugal era em 2015 um dos países da europa ocidental com mais elevada taxa de incidência da doença. Da análise dos novos casos em Portugal, 18% foram em nascidos fora do país, um aumento que levou as autoridades de saúde a desenvolver estratégias com outros organismos. Na apresentação que hoje decorreu em Lisboa para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose, a responsável da DGS sublinhou que houve uma “redução sustentada da notificação e incidência da doença”, mas que foi menor entre a população imigrante.

Em comparação com outros países da europa ocidental, Portugal tem também uma das mais altas taxas de co-infeção de tuberculose e VIH/sida. Raquel Duarte lembrou a ligação da tuberculose com causas ou determinantes sociais e económicos, como a situação de pobreza ou as condições de habitabilidade.

A especialista alertou ainda para a necessidade de se analisar o papel do consumo do tabaco e do álcool para esta doença, indicando também que continua a ser necessário pensar a tuberculose fora dos contextos dos grupos de risco (como toxicodependentes ou doentes com VIH). Quanto à tuberculose multirresistente, Portugal surge com uma posição favorável à média europeia. Enquanto na Europa, mais de 4% dos casos da doença são na forma multirresistente, em Portugal em 2016 eram apenas 2,2%. Satisfeito com os dados alcançados na tuberculose, o ministro da Saúde frisou que 2016 “foi um ano que sinaliza um forte aprofundamento da melhoria dos indicadores de saúde em Portugal”. Adalberto Campos Fernandes, que falava na cerimónia que assinalou o Dia Mundial da Tuberculose, lembrou ainda que o Governo assinou com a Organização Mundial da Saúde e com o Observatório Europeu dos Sistemas de Saúde um plano de avaliação externa que está em curso.

 

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