O divórcio de Shakira e Piqué está a ser um processo conturbado, por envolver traição e mágoas. Shakira lançou, inclusive, uma canção cheia de acusações e detalhes sobre o final da relação, que entretanto, e como se esperava, tornou-se num estrondoso sucesso. Todavia, enquanto muitos ‘gozam o prato’, os filhos do casal sofrem consequências eventualmente irreparáveis.

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De acordo com o terapeuta familiar Andrei Moreira, “os filhos são sempre bastante prejudicados em separações quando os pais não distinguem a relação de homem e mulher da de pais”. Este fator acaba por agravar-se “quando os pais são famosos e têm um final tão conturbado”. “Todos nós, filhos, amamos o pai e a mãe com um amor natural e espontâneo. Graças a eles existimos. Em nós as duas metades deles estão unidas e ativas, permitindo-nos existir no aqui e no agora. E ambos são igualmente importantes”, enquadra.

“⁣Quando os filhos sofrem alienação parental ou ouvem críticas entre os progenitores, sentem-se inconsciente e diretamente agredidos”, atesta Andrei Moreira. “É como se lhes dissessem ‘metade de ti não presta, não é boa nem digna’.” O resultado desta situação “é que as crianças aprendem a ser leais a apenas um dos lados, por amor cego”.  “E perdem o direito de manifestar o amor pelo outro. Isto produz muitos e diferentes sintomas”, explica o terapeuta.

Segundo o médico especialista em assuntos comportamentais, o que acontece com Piqué e Shakira acaba por ser sobre-dimensionado relativamente ao que se acontece frequentemente entre casais que se separam e que trocam acusações recíprocas, sem preservar as imagens de ambos, “estimulando inconscientemente que os filhos tomem partido e se fidelizem às suas dores”.

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“Como é que as crianças vão lidar com isto e qual a repercussão para elas, a curto e a longo prazo? Filhos que testemunham acusações dos pais, ou que são colocados entre eles no divórcio, tendem a ocupar lugares fora da ordem familiar [comportando-se como marido da mãe ou companheira do pai], a vivenciar sobrecargas de emoções e sentimentos e a reprimir o amor natural deles por ambos”, explica.

No seio familiar desfeito, cresce nas crianças, de acordo com o médico, “uma cisão interna, uma sensação de não inteireza”. O degrau seguinte na escadaria em espiral até ao clímax do inaceitável acaba, sem grande surpresa, por sustentar “muitos movimentos autodestrutivos”, afirma Andrei Moreira.

O terapeuta explica que, “segundo a filosofia da constelação familiar, para que os filhos tenham verdadeira completude e liberdade para destinos mais amplos, necessitam de poder reconhecer, libertar e expressar o amor por mãe e por pai”. “Mesmo que um deles não esteja presente”, adverte. “Isto é possível quando há respeito por parte de quem fica ou de quem tem a guarda, que deve ajudar os filhos a incluir no coração aquele que ali já não está, separando a relação de casal da de pais e filhos. O que, compreensivelmente, “é um grande desafio e prova de amor pelos filhos”, pontua.

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