Betty Faria: «Tem gente em volta torcendo para você não dar certo»

Betty Faria: «A profissão de atriz não é mar de rosas, temos o mel e o fel da vida»

Betty Faria abordou o lado negro da fama em entrevista ao Alta Definição, da SIC. Conhecida em todo Mundo pelo papel em Tieta do Agreste, a conceituada atriz brasileira recordou os momentos difíceis que viveu ao longo da carreira, alguns deles durante as gravações da épica telenovela. Betty Faria diz ter sofrido muito devido a invejas e é, por isso, que não tem saudades de Tieta.

«Eu trabalhei muito e sofri muita pressão de colegas atrizes invejosas que faziam complôs contra mim e eu trabalhava tanto. Isso marcou-me tanto e eu não esqueci. Faziam complôs, reclamavam de mim para a direção, até a mudança de roupa diziam que demorava, mas não. Eu era uma árvore de natal porque a personagem colocava brincos, pulseiras e as outras era só uma roupinha, então, eu demorava a mudar de roupa, mas não sou uma pessoa que demora. Isso é um exemplo bobo, mas foram coisas que eu não esqueci de colegas, de mulheres, de atrizes. Não esqueci, não», revela. A atriz, de 77 anos, recorda que até chegaram a duvidar que ela estivesse doente quando teve de facto uma pneumonia. «Sofria muito, tive uma pneumonia no meio da novela e elas duvidaram que fosse pneumonia».

«Tem gente em volta torcendo para você não dar certo»

Depois, Betty recorda um episódio em que encontrou a também atriz Lília Cabral e percebeu que ela estava a passar pelo mesmo. «Eu disse-lhe ‘Lília o protagonismo é muito solitário, você está precisando de um abraço forte’, ela estava totalmente sem energia. Está ali trabalhando o tempo todo, estudando aquele texto, mas tem gente em volta torcendo para você não dar certo, é uma competição feroz. Ela estava sem energia por isso, pela competição. O sucesso, o protagonismo são para pessoas fortes, quem não é forte não aguenta».

Apesar dos inúmeros papéis de sucesso, Betty garante que é uma mulher com os pés bem assentes na terra e não se deixa deslumbrar. «Fico feliz quando gostam do meu trabalho, enquanto estiver viva quero fazer sempre o meu trabalho da melhor maneira possível, mas nunca me deslumbrei com propostas, com coisas», diz. «Trabalhar com honestidade e dignidade, criei dois filhos, tive dois casamentos…».

 

«A profissão de atriz não é um mar de rosas, temos o mel e o fel»

No dia a dia, a atriz faz os possíveis para afastar o negativismo e diz ter vocação para ser feliz.  «Eu brigo com todas as armas para começar o dia feliz, porque são tantos os estímulos negativos e a vida é tão rápida, tão curta», continua.

«O que foi muito difícil para mim foi ter de constatar a competição feminina, das atrizes. Podem ficar aborrecidas mas é verdade! Isso entristecia-me, eu ficava triste vendo a inveja, a competição, isso para mim sempre foi difícil, porque como sou uma filha única eu nasci e cresci querendo ter amigos. É uma sensação de solidão muito grande».

Ao longo dos seus 77 anos, a atriz sofreu várias deceções. «Eu não sou mulher de fazer de conta que está tudo bem , mas sobrevivi e estou aqui. Os homens mais velhos [atores] têm mais prestigio, têm mais papéis, mais possibilidades de personagens que as mulheres mais velhas, eu tenho muita sorte porque estou a trabalhar», refere. «A profissão de atriz não é um mar de rosas, temos o mel e o fel da vida, ser mãe deu-me muita força, tinha que criar os meus filhos».

Texto: Redação Win – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala

 

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