Liam Payne: Como respondem os adolescentes à perda de um ícone

Para alguns jovens fãs, Liam Payne ser a primeira pessoa que eles “conhecem” que morreu. Como respondem os adolescentes à perda de um ícone.

Liam Payne: Como respondem os adolescentes à perda de um ícone

O ex-membro da banda One Direction e cantor a solo Liam Payne foi encontrado morto do lado de fora de um hotel em Buenos Aires, segundo relatos da comunicação social argentina. Payne tinha apenas 31 anos e seria “um amigo e um pai querido“.

Ao lado do antigos companheiros de banda – Niall Horan, Harry Styles, Louis Tomlinson e Zayn Malik –, Payne teve grande influência na cultura popular no seu país natal, o Reino Unido, e internacionalmente.

O grupo foi formado em 2010 no programa de talentos britânico X Factor e permaneceu unido cerca de cinco anos, antes de se separar oficialmente em 2016. Durante este percurso, “Payne foi não apenas um membro valioso da banda como um talento claro por si só”, considera Liz Giuffre, professora de Comunicação da Universidade de Tecnologia de Sidney.

Após a separação (e um breve hiato na produção musical), Payne continuou a lançar canções periodicamente como compositor e cantos. Mais recentemente, em março, lançou o single Teardrops, antes de um aguardado segundo álbum solo.

A notícia da morte de Payne levou a uma onda de homenagens. “Como muitos jovens lançados para o estrelato aparentemente da noite para o dia, a sua vida não foi isenta de controvérsias”. A resposta à sua morte – por fãs e colegas da indústria musical – “é prova do impacto que ele teve”, diz Giuffre.

A criação de um supergrupo pop

Embora os One Direction não tivessem tido a longevidade de outras bandas de sucesso internacional, a sua influência “excedeu em muito as que estão juntas há décadas”. “Lançaram cinco discos de estúdio, mas quebraram muitos recordes, incluindo a conquista de seis Guinness World Records. Ainda que não tenham chegado ao 10.º aniversário juntos, tinham vendido cerca de 70 milhões de discos, até 2020.”

Nos anos desde a separação, os fãs continuaram a reunir-se, ouvir e comemorá-los – “como no aniversário mais recente (14 anos), com eventos liderados por fãs realizados” um pouco por todo o Mundo.

“É fácil desconsiderar a música pop e a sua influência”, constata Liz Giuffre. “Especialmente, diante do que parecem ser circunstâncias globais cada vez mais terríveis. Mas a pop, como muitas outras formas de entretenimento, fornece uma forma prática para as pessoas obterem prazer e conforto momentâneos.”

A pop “também fornece ligação com os outros” – e “alívio das pressões diárias”. Por exemplo, “um dos maiores sucessos dos One Direction, That’s What Makes You Beautiful, “procurou empoderar jovens que, de outra forma, poderiam ser sobrecarregados por mensagens negativas”. “Por isso, um ano apenas após a sua estreia, foram recebidos por enormes multidões em quase todos os lugares onde se deslocavam.”

O impacto nos fãs quando morre o seu ídolo

“A perda de uma vida, especialmente de um jovem, é sempre uma tragédia.” Para alguns fãs jovens, esta pode ser “a primeira pessoa que ‘conhecem’ que morreu”. Embora possa não ser o mesmo do que perder um membro da família ou um amigo próximo, “o sentimento de perda é significativo”. “Os fãs jovens vão precisar de apoio”, garante Liz Giuffre. “E em 2024, muitos encontrarão esse apoio nas redes sociais e em fóruns online”, diz.

“Ainda me lembro do impacto que as mortes de estrelas como Kurt Cobain e Jeff Buckley tiveram em pessoas como eu, que eram adolescentes na década de 1990. Eram artistas que admirava e ouvia – e em cuja arte eu confiava em momentos de prazer e dor”, admite Giuffre.

“Dores semelhante foram sentidas quando artistas como George Michael, Aretha Franklin e David Bowie morreram, embora mais tarde na minha vida e na deles.”

A experiência de perder um ídolo musical é, “de muitas maneiras, universal”. “Pessoas cuja arte associamos às nossas próprias experiências de vida tornam-se inseparáveis ​​das nossas vidas. Quando elas morrem, pode parecer que essas experiências também acabaram.”

Após a notícia da morte de Payne, centenas de fãs foram para sa ruas de Palermo, em Buenos Aires, que Payne visitava. Fizeram uma vigília, choraram e consolaram-se mutuamente em frente ao hotel Casa Sur, onde Payne estava hospedado.

Yamila Zacarias, fã de 25 anos, falou provavelmente por muitos quando justificou ter-se tornado ‘dependente’ de Liam e dos One Direction. “Ele significou muito para mim porque a banda entrou na minha vida num momento em que procurava fazer parte de algo. Ser fã dos One Direction tornou-se nesse algo para mim.”

Fãs e memórias para toda a vida

“Existe um estereótipo de fãs como hordas de adolescente a gritarem, o que pode realmente diminuir a profundidade do ‘fandom’ [sentimento do fã, em tradução livre]. Qualquer pessoa em qualquer fase da vida pode ser fã de praticamente qualquer coisa. E a melhor coisa sobre o fandom é que ele pode, e frequentemente permite, que muitos tipos diferentes de pessoas tenham uma saída para se ligarem ao longo das suas vidas”, explica Giuffre.

“A morte da atriz norte-americana Betty White em 2021, por mais triste que tenha sido, uniu pessoas de várias gerações e estilos de vida. E não apenas aqueles que a conheciam pessoalmente, mas aqueles que se ligaram entre eles através do amor pelo trabalho dela. Isto lembrou-me da minha própria família, incluindo a minha avó e o meu pai, agora falecidos, e das gargalhadas que partilhávamos enquanto a observávamos.”

À medida que mais detalhes e homenagens à vida e morte de Payne surgem, os fãs “apoiar-se-ão uns nos outros”. “Se conhece alguém fã de Payne ou dos One Direction, o simples gesto de estender a mão apenas para reconhecer a dor e a experiência dessa pessoa é importante”, aconselha a professora especialista em Comunicação. Esse simples gesto diz-lhes “o que tu amas é importante e tu também”, diz Liz Giuffre.

The Conversation

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