Em entrevista, Susana Vieira confessa que em Portugal apaixonou-se muito mais do que pela comida, pelo clima e pelo carinho de quem lhe segue os passos de atriz.

A Susana é uma das atrizes brasileiras mais queridas pelos portugueses. O que lhe vem à cabeça quando falamos sobre o nosso país irmão?

O que me vem à cabeça é uma grande paixão que eu deixei em Portugal, quando fui fazer uma peça de teatro, em maio do ano passado, a peça Shirley Valentim, reescrita pelo Miguel Falabella. Fizemos um mês em Portugal e foi um sucesso. Visitei o País do norte ao sul e foi maravilhoso. E eu me apaixonei por lá, mas atravessei o Atlântico e me desapaixonei. E, se já não dá certo morando junto, imagine morando separado, em continentes diferentes (risos).

De volta à televisão, em Terra e Paixão, como é regressar às rotinas de gravação de uma novela?

A minha vida será sempre assim. Eu vou viver até ao ano 2045, mais ou menos. Só não gosto muito de ter de acordar cedo para gravar. Adoro voltar a trabalhar, menos de acordar às 7 da manhã. Eu acordo de mau humor, vou xingando todo o mundo. Aí, entro no cenário e encontro o Cauã Reymond. Você acha que uma pessoa pode ficar triste ou aborrecida? Não!

Apesar de a Susana Vieira elogiar o Cauã Reymond, em cena você não facilita a vida dele, certo?

Eu brigo um pouco e ele fala: “Susana, você está sempre brigando comigo” (risos). A gente tem cenas maravilhosas como mãe e filho. Nas nossas cenas, a Cândida (personagem da atriz) dá uma ternura à personagem, que talvez nem estivesse escrito no texto. Talvez ela fosse uma mulher mais dura, mas seca, porém, ela ama aquele menino, o Caio. Ela é que o criou e o pai, o Antônio La Selva (Tony Ramos), levou-o.

O seu núcleo é um dos mais animados da novela, não é?

Eu conheci esse elenco todo quando eu estava a gravar. Não ensaiei com ninguém, porque parti o pé e fui operada. Então, peguei a novela quando já tinha começado… Todo o mundo já estava entrosado e eu como um peixe fora de água. Mas eu já mergulhei no copo, já estou entrosada, as meninas que fazem as garotas de programa são ótimas, os garotos… Eu amo todo o mundo e eles me amam também. Estou superfeliz.

Quem é a Cândida?

A Cândida foi a mulher mais famosa de toda a região. Essa mulher tem vários segredos. Ela nasceu e foi criada nessa cidade. Ganhou dinheirinho, montou o bar e abriu um bordel. Mas ela sabe o segredo de várias pessoas da cidade. É que, assim como na vida real, todos nós temos algum segredo ou alguma coisa que não gostaríamos que se soubesse. Essa mulher tem esses segredos, tem esse poder.

E tem um segredo guardado sobre a mãe do Caio, personagem vivida por Cauã Reymond?

Ela adora o Caio, porque a mãe dele era amiga dela. Então, a minha relação com ele é de mãe e eu chamo-lhe filho o tempo todo.

Terra e Paixão ainda não estreou em Portugal, mas promete ser um sucesso…

É uma história nova. E é interessante como as pessoas estão gostando das histórias brasileiras que saiam um pouco da cidade, do Leblon. Claro que eu adorava fazer personagem no Leblon, vestir-me bem, fazer as dondocas e mulheres profundas do Manoel Carlos (autor brasileiro), mas, de repente, é uma novela que vou fazer bem brasileira, essa nova onda das novelas brasileiras. Vamos ver o que o público vai achar. Não se esqueçam que nós temos ícones nessa novela, como o meu amado Tony Ramos e a minha amada Glória Pires.

A Susana Vieira é cheia de vida. Lida bem com a vaidade?

A Tônia Carrero, minha grande mestra, ensinou-me que a mulher tem de fazer uma plástica aos 50 anos. E de lá até aos 70 é para dar pequenos retoques, que é fazer a pálpebra de novo e uma coisinha aqui e outra ali, mas isso a cada dez anos. E depois dos 70 é entregar para Deus. E depois dos 70 não fiz mais nada.

Texto: Márcio Gomes;
Foto: AgNews

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