J.K. Rowling revelou no seu novo podcast que o ex-marido, o jornalista Jorge Arantes, com quem foi casada de 1992 a 1993, escondeu o manuscrito de Harry Potter para impedir que a escritora o abandonasse. A escritora contou pormenores da “relação abusiva” que viveu durante cerca de um ano com o português, de quem tem uma filha. O podcast chama-se The Witch Trials of J.K. Rowling, é feito em conjunto com a escritora norte-americana Megan Phelps-Roper, e os primeiros dois episódios foram divulgados esta terça-feira, 21 de fevereiro.

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J.K. Rowling conheceu Jorge Arantes em 1992, pouco tempo após se ter mudado para o Porto. Os dois casaram-se em outubro de 1992 e divorciaram-se pouco mais de um ano depois, em dezembro de 1993. A escritora descreveu o casamento com o ex-jornalista português como o “maior fracasso” da sua vida e um dos “períodos mais difíceis”.

A autora da saga Harry Potter chegou a sofrer um aborto, que descreve como “traumático”, em meados de 92, e em outubro seguinte decidiu casar-se com o ex-repórter. A filha de ambos, Jessica Isabel Rowling Arantes, nasceu em julho de 1993, pouco antes de o casamento terminar, após Arantes ter arrastado Rowling  para fora de casa. Ela tentou sair da relação “duas vezes antes de o deixar de vez”, o que provocou uma enorme tensão entre ambos. “Ele não é estúpido. Acho que sabia, ou suspeitava, que eu iria sair novamente. Foi um terrível estado de tensão”, disse.

“Tirava só algumas páginas, para que ele não descobrisse que faltava alguma”, J.K. Rowling

Rowling mudou-se para o Porto para trabalhar como professora. Mas a ideia para a saga de Harry Potter nasceu antes, durante uma viagem de comboio em 1990. A morte da mãe nesse ano, que sofria de esclerose múltipla, impactou-a profundamente e acabou por influenciar a narrativa do livro. Mas os primeiros capítulos de Harry Potter e a Pedra Filosofal foram escritos em Portugal. E durante  aquele “terrível estado de tensão”.

A escritora explicou que Jorge Arantes se apercebeu da importância que esta obra tinha para si e que a usou como forma de tentar controlar e manter a relação abusiva. “Ele sabia o que aquele manuscrito significava para mim, porque, a certo ponto, pegou nele e escondeu-o, ficou refém dele. Quando percebi que tinha de me ia embora — de vez — tirava algumas páginas do manuscrito por dia para levar para o trabalho. Só algumas páginas, para que ele não descobrisse que faltava alguma coisa, e tirava fotocópias. Aos poucos, esta cópia do manuscrito foi crescendo”, contou.

“Se eu não conseguisse sair com tudo, iria queimá-lo ou guardá-lo. Aquele manuscrito significava muito para mim, era a única coisa que queria salvar além da minha filha”, justificou.

Foto: D.R

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