Afonso Pimentel estreou-se no mundo da representação com apenas 14 anos e nunca mais parou. O ator, de 41 anos, é o protagonista da nova novela da SIC (‘Senhora do Mar’) e abriu o coração para recordar a infância entre o Príncipe Real e a Amadora, pautada pela “rebeldia”. “Havia uma rebeldia, mas uma rebeldia de um filho único que não queria ter sido filho único. Fui criado com uma miúda, uma vizinha que até aos 10 anos esteve sempre comigo. Acho que é o que de mais próximo eu tive de uma irmã”, começou por revelar, à conversa com Francisco Pedro Balsemão, no podcast Geração 80, do Expresso.

Por ser filho único, Afonso Pimentel assume que foi muito “mimado” e “protegido” pelos pais. “Isso acabou por me cair em cima. Nasci no Príncipe Real, mas num sítio muito protegido. Andei em colégios até à quarta classe. Depois, de repente, os meus pais compraram uma casa na Amadora e eu saio de um colégio para ser largado numa escola oficial e aí apercebo-me que era um bocadinho mimado. Aqueles dois primeiros anos foram duros e acho que o meu lado mais rebelde surgiu aí”, admitiu. “A minha rebeldia sempre foi de dizer a minha opinião. Os meus pais sempre me disseram para dizer tudo o que pensava, desde que não fosse malcriado. Acho que nem sempre consegui”, acrescentou, entre risos.

O Bullying  e a história insólita do rim

Naquela altura, não se falava em bullying, mas o ator não tem dúvidas de que passou por “momentos difíceis”. “Tive uma fase em que me senti um bocadinho desprotegido e tive de perceber que tinha de me impor. Houve um tempo de ajuste em que tive de perceber o que era proteger-me e o que era fazer parte do problema”, revelou. E prosseguiu: “Quando te sentes desajustado, passas por uma fase menos fixe em que experimentas também o poder e a agressão para te conseguires equilibrar. Há coisas que não me orgulho de ter feito, mas tive de fazer para perceber o meu espaço. Houve coisas que não foram fixes, eu sofri um bocadinho, mas também fui parte do problema.”

Vários anos mais tarde, Afonso descobriu que só tem um rim e, em tom de brincadeira, assumiu que foi uma sorte só descobrir em idade adulta. “Descobri com 29 anos que só tenho um rim. Nasci só com um rim. É mais comum do que se pensa. Acontece. Descobri isto só aos 29, felizmente. Acho que se os meus pais tivessem descoberto isto quando eu era pequenino, tinham protegido o menino de tal forma que nem de patins em linha andava”, completou.

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Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Impala

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