Ana Bola: «Os cuidadores passam maus bocados. Eu pedi ajuda».
Ana Bola, de 67 anos, desabafou com Cristina Ferreira sobre o papel de cuidadora da mãe, de 95 anos, e da sogra, de 92. A humorista referiu ainda como lida com o seu envelhecimento.
Ana Bola marcou presença n’O Programa da Cristina e falou sobre a dura realidade de ser cuidadora da mãe, de 95 anos, e da sogra, de 92. A humorista revelou que está a aceitar a idade, que «gostava de trabalhar um bocadinho menos», mas, aos 67 anos, não se pode queixar. «Não posso dizer que adoro envelhecer. Não é agradável. Obviamente, como é inevitável temos de arranjar formas para nos esquecermos disso. Acho que já me falta tempo para tanta coisa que ainda quero fazer. E não tem a ver com trabalho. Acho sinceramente que gostava de começar a trabalhar um bocadinho menos. Estou muito cansada».
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«Já não temos idade para ter pais»
Em conversa com Cristina Ferreira, Ana Bola contou que é cuidadora, em conjunto com o marido, Zé Nabo, de 71 anos, da mãe e da sogra. «Tenho a minha mãe, de 95 anos, e a minha sogra, de 92. E nós os dois sozinhos. Até costumo dizer (que ninguém nos oiça) que já não temos idade para ter pais», disse, de sorriso no rosto. «Elas estão ambas acamadas, porque fizeram fraturas. A minha sogra tem uma cabeça bestial. É uma pessoa que consegue ver a vida com alguma alegria apesar da sua situação», continua.
A humorista confessou, no entanto, que nem sempre é fácil lidar com a mãe, que por vezes «não reconhece». «A cabeça da minha mãe já não funciona como funcionava e isso não imaginas, espero que não tenhas de passar por isso. Tu veres uma pessoa que foi ativa, com um sentido de humor inacreditável, com uma vida maravilhosa, de repente quase não reconheces aquela pessoa. Embora a minha mãe ainda me reconheça, já não naquela fase de me dizer ‘não me apetece falar’.»
O pior de tudo para Ana Bola
Ana Bola viu-se obrigada a deixar a mãe numa casa de repouso por não conseguir conciliar o trabalho com o papel de cuidadora e com a condição da progenitora. «É o pior de tudo. Sempre imaginei que teria possibilidade de ter os meus pais comigo. E não tem a ver com falta de espaço, tem a ver com falta de tempo, porque ainda trabalho muito. E sobretudo tem a ver com a condição dela. Uma pessoa que está numa cama precisa de cuidados contínuos».
A atriz sempre achou que ficaria a tomar conta dos pais, na sua própria casa e, ao ter de lidar com a mãe acamada, sentiu necessidade de pedir ajuda médica. «Senti que a estava a depositar. Embora ela esteja numa casa de repouso, nem gosto de lhe chamar lar, porque, de facto, é uma casa de repouso com uma qualidade que nem consegues imaginar. É um hotel. Mas cada vez que lá vou, e vou muito, saio sempre um bocadinho doente. Não era aquilo que estava previsto. Mas o que é que se pode fazer? Pedes ajuda a um médico. Os cuidadores passam maus bocados.»
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