Ana Moura: «Claro que pretendo ser mãe. Tem de chegar o momento»

A fadista falou da progenitora, a sua maior inspiração, do namorado, Rúben da Cruz, e da vontade de ter filhos.

 

Falar de Ana Moura é falar de fado. Esta foi a voz portuguesa que conquistou Prince e que, durante dois meses, irá percorrer toda a Europa, já que será uma das embaixadoras do próximo Festival da Eurovisão, onde irá atuar. Em Madrid, Espanha, a fadista falou da mãe, a sua maior inspiração, da relação de um ano e meio com o namorado, o DJ Rúben da Cruz, e da vontade de ser mãe em breve.

Esta não é a primeira vez que visita Espanha. Sente-se acarinhada pelo público espanhol?

Já estive em Madrid, em Barcelona… Sinto-me muito acarinhada, cada vez mais. Desta vez não posso ficar muito tempo, porque tenho muito trabalho, mas iria gostar.

Que balanço faz dos seus 15 anos de carreira? Sente que passaram depressa?

Em geral, sim, mas sinto que foi por ciclos, relacionados com a minha forma de fazer música. Os meus primeiros discos foram mais tradicionais e os últimos abrangeram outros géneros de música.

Atrever-se-ia a fazer um disco exclusivamente de outro género, sem ser fado?

Sim, atrevia-me! Gosto de experimentar coisas diferentes. Mas penso que, ainda que fosse um disco de outro género, a minha essência estaria sempre presente.

Este ano, em setembro, vai fazer 39 anos. Olha para os 40 anos com um pouco de medo ou tem vontade de fazê-los?

Não me apetece (risos). Mas a verdade é que, se não tivesse o peso do número 39, diria que estou melhor agora, é o meu melhor momento. Sou uma mulher mais madura, tenho experiência… Sinto-me jovem, por dentro e por fora.

Voltaria aos 29 anos?

Se tivesse toda a experiência que já tenho acumulada, sim (risos).

Há pouco tempo, celebrou-se o Dia Internacional da Mulher. O que é que falta ainda fazer neste âmbito?

Falta fazer muito. É ridículo que, num trabalho igual, uma mulher ganhe menos do que um homem. Mas isto é algo insignificante. Há coisas noutras culturas mais conservadoras que têm de mudar urgentemente.

Há alguma mulher que a inspire na altura de compor música?

Há uma mulher espanhola e muito jovem que aprecio e que me inspira, que se chama Rosalía. Fora do meio musical, a minha mãe! Ela é a minha maior inspiração. É uma mulher muito forte, mas emocional, ao mesmo tempo. Foi a primeira pessoa que me impulsionou e apoiou a ser o que sou agora, a ser emotiva, mas também forte, que são duas coisas difíceis de conciliar.

“O Rúben é uma pessoa muito autêntica”

Não sei se pretende ser mãe. Isso afetaria a sua carreira?

Claro que pretendo ser mãe. Tem de chegar o momento, ainda que todas as mães que conheço me digam que nunca é boa altura para se ser mãe. Por isso, quando tiver de ser, será…

É verdade que o seu namorado também trabalha no mundo da música? Isso torna mais fácil a relação?

Sim, é mais fácil compreender o outro quando se tem o mesmo estilo de vida.

O que é que mais gosta no Rúben da Cruz para se ter apaixonado por ele?

É uma pessoa muito autêntica e eu adoro a autenticidade num homem.

Que sonhos ainda tem por cumprir?

Um dos meus sonhos por cumprir é ser mãe. E, profissionalmente, que a minha carreira seja longa… Também gostaria de fazer algumas colaborações com cantores e produtores. Uma delas é Rosalía, adoraria cantar com ela.

Vai cantar na primeira Gala do Festival da Eurovisão, em Lisboa. Está contente?

É um acontecimento único, que está a ser vivido com muita intensidade em Portugal. Estou muito contente pelo convite e por participar com um fado, com muitas guitarras portuguesas. Vai ser algo muito especial.

Texto: Levi Filipe Marques; Fotos: G3

 

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