Cinco dias antes do apagão que deixou Portugal e Espanha às escuras, a Repsol já tinha avisado os seus clientes sobre uma “paragem inesperada” no fornecimento de energia em território espanhol. A carta enviada pela empresa, agora revelada pelo El Mundo, ganha nova importância após o colapso do sistema elétrico registado na segunda-feira, 22 de abril.

Segundo o jornal espanhol, a Repsol comunicou uma interrupção nas operações da refinaria de Cartagena, na região de Múrcia, devido a “problemas técnicos” que levaram à suspensão da atividade. A petrolífera descreveu o incidente como uma “grave falha elétrica alheia à instalação”.

No mesmo dia, o ministro espanhol dos Transportes, Óscar Puente, referiu publicamente a existência de um “excesso de tensão na rede elétrica”, que estaria a afetar duas estações ferroviárias entre Chamartín e Pajares. Numa publicação feita na rede social X (ex-Twitter), o governante partilhou uma imagem do sistema elétrico espanhol com falhas — imagem essa que, segundo o El Mundo, é “muito semelhante” à verificada durante o apagão da última segunda-feira.

Apesar da coincidência temporal e técnica, ainda não é claro se há uma ligação direta entre a falha na refinaria da Repsol e o apagão que afetou toda a Península Ibérica. O ministro das Infraestruturas português, Miguel Pinto Luz, afirmou esta terça-feira que “a origem do problema ainda está por identificar”, mas confirmou que “tudo começou em Espanha”.

O apagão teve início por volta das 11h30 de segunda-feira. Só por volta das 21h é que os portugueses voltaram a ter energia em casa. Até ao momento, as autoridades espanholas e portuguesas continuam a investigar as causas do apagão.

Texto: Tomás Cascão; Fotos: Shutterstock

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