Quem é o bailarino de Conan Osíris?

Chama-se João Reis Moreira, tem 23 anos e é o inseparável companheiro de palco de Conan Osíris. O bailarino explica-nos como nasceu esta parceria.

Tronco nú, pintalgado de dourado, calças pretas com franjas e ténis fluorescentes. Enquanto Conan Osíris cantava ‘Telemóveis’ no palco da primeira semifinal do Festival da Canção, um homem dançava freneticamente a seu lado.

Os fãs do músico já conhecem as atuações e sabem que João Reis Moreira faz parte da performance de Conan Osíris. Mas, para o grande público, a excentricidade desta atuação foi comentada, criticada e motivo de milhares de comentários nas redes sociais.

Conversámos com João Reis Moreira após a primeira semifinal do Festival da Canção, que apurou a dupla para a final do certame, a 2 de março. O bailarino de 23 anos explica-nos que a relação com Tiago Miranda [nome de batismo de Conan Osíris] começou ainda na adolescência.

Como é que começaram a trabalhar juntos?

Eu conheço o Tiago há 15 anos. Ele era o meu maior ícone musical. Eu tinha 13, 14 anos, o meu leitor de mp3 só tinha um giga de memória e estava quase todo ocupado com a música dele. Eu já ia para a escola a escola a ouvir a música dele, cada vez que ele lançava um álbum era surpreendente. Então, quando ele lançou este último álbum, ‘Adoro Bolos’, que todas as pessoas adoraram, ele chamou-me e disse ‘olha, este álbum tá a bater. É para fazer espectáculo. Queres vir?’. Foi assim que começou e, desde então, tenho estado sempre com ele.

O João tem formação profissional como bailarino ou começou a fazer isto apenas com o Conan?

Imagine… eu não sei muito bem quais são os critérios para definir um bailarino profissional. Eu não tenho nenhuma formação de dança, mas dançar é algo que eu fiz desde sempre, e muito, por causa do Tiago. Ele ensinou-me que dançar é uma coisa mesmo boa e que, se queres dançar, vais só dançar.

Não tens de te preocupar com nenhum preconceito ou critério exterior. Se é isso que tu sentes, é isso que tu fazes. Não tenho formação mas, desde puto, fechava-me no quarto, dançava sozinho, nas festas da escola dançava com os meus colegas. Sempre foi uma coisa que levei a sério e dançar sempre fez parte do dia a dia?

«A música do Conan é uma cena física e, ao mesmo tempo, espiritual»

Imagina-se a dançar em Telavive [cidade israelita que vai receber a Eurovisão 2019]? É que há muitos portugueses que já imaginam.

É algo que estou a privar-me de imaginar porque está a ser um bocado demais para a minha cabeça, ainda. Mas é algo que consigo imaginar, se me esforçar para! Não estou a por a ideia de parte. Se acontecesse ia ser… um show!

O João e o Tiago são fãs da Eurovisão e do Festival da Canção?

O Festival da Canção é uma cena que está impressa na história do nosso país. Desde sempre que ouvia os meus pais a falarem, a mostrarem-me a Simone de Oliveira a cantar a Desfolhada, o Carlos Paião. Está muito presente na história de casa dos nossos pais, são melodias que marcam a nossa história e a nossa educação. Mas, para ser sincero, não era um vício. Mas não há como fugir disso, porque é algo que está muito impresso na cultura do nosso país.

A exposição que o Festival da Canção vos trouxe levou-vos a públicos que não conheciam o vosso trabalho e, com isso, vieram as inevitáveis críticas e comentários mais desagradáveis. Está atento a isso?

Eu sei que há pessoas que gostam bué e comentam, há quem não gosta nada e fazem gozo. Mas, para ser sincero, não leio. Se há coisas que vêm ter comigo ou se há amigos que me mandam eu acabo por ler e, muitas vezes, rir. Se é uma coisa construtiva, leio com atenção, se é destrutiva, retiro só a parte mais humorística e rio disso.

Não me quero alimentar disso porque a música do Conan, o espectáculo que nós desenvolvemos e como nos articulamos… a música dele é uma cena física e, ao mesmo tempo, espiritual. Por isso é que tem essa componente de dança em todas as músicas, por isso é que eu faço parte do espectáculo.

Se o João não estivesse lá, não era a mesma coisa

Total! A música dele tem uma vertente muito de dança e é por isso que eu estou lá. Nem eu nem ele temos essa cena de controlar se há um comentário destrutivo. Nós controlamos o que estamos a fazer e é isso que interessa. Nós sabemos a matriz, a génese da construção musical e do que nos move. É esse o nosso ponto de partida e é aí que terminamos.

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Texto: Raquel Costa | Fotos: RTP e redes sociais

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