Cristina Ferreira ajuda homem sem nariz
Um homem sem nariz esteve esta quarta-feira n’O programa da Cristina e a apresentadora não conteve a emoção.
Dada a grandes causas, Cristina Ferreira voltou a receber um caso delicado no seu programa, na emissão desta quarta-feira, dia 5 de junho. Depois das histórias de Alexandra e Sílvia Santos, foi a vez de o caso de Américo surpreender.
«Há coisas que não imaginamos, há mesmo coisas que não imaginamos», começa por sublinhar, com uma repetição, a anfitriã do formato das manhãs da SIC, ao introduzir o convidado especial.
Américo tem 81 anos e viveu os últimos 20 anos com a ausência do nariz, como explica. «Eu, em 2004, deixei de ter nariz. Foi quando a minha mulher ia caindo para o lado… e eu também. Mas não me fui abaixo…», adianta, contando que está «muito perto das 40 cirurgias». «Devo ter batido o record do hospital Amadora-Sintra.»
A ferida que lhe tirou o nariz
A história é longa e começa com um problema que nunca deixou adivinhar a gravidade da situação. «O princípio deste problema foi uma ferida que me apareceu no nariz, ferida essa que me levou a consultar um médico», desvenda a Cristina. «Tirou-me pele da orelha do lado direito para a ferida, coseu-a e pronto, tudo bem, paguei e vim-me embora.»
O caso que, inicialmente, não parecia problemático, deu lugar a outras «aventuras».«O médico disse-me que eu tinha cancro de pele e eu assustei-me logo com a resposta que ele me deu. Foi quando ele me abriu a testa, tirou-me a pele da testa… não imagina como é que eu saí dali! Deixou-me uma batata», recordou, em aflição.
«Entre os 59/60 e agora os 81, eu consultei médicos. No hospital de oncologia disseram-me: ‘o senhor não tem cancro…’ Foi quando eu fui ao hospital Amadora-Sintra, abençoada a hora que eu fui ao hospital Amadora-Sintra! Deixei de ter nariz e comecei a narigar-me por mim, foram as tais máscaras de carnaval para poder andar na rua, para ir para a praia, para ir a casamentos. E assim andei desde 2004 até ao presente.»
O homem que mudou a vida de Américo
Um dia, tudo mudou. Ao ver televisão, Américo chegou até um profissional que acreditou que, através da sua habilidade para caracterizar pessoas, podia devolver-lhe a alegria de viver e fazer-lhe um nariz artificial. «Pus-me a ver a televisão…» até que foi ao encontra de uma pessoa, que lhe garantiu que iria dar muito trabalho, mas que conseguia resolver o problema. «O Sr. Sérgio foi, para mim, talvez… Há Deus no céu e um anjo na terra», referiu agradecido.
Américo refere-se ao caracterizador Sérgio Alxeredo, o maquilhador que faz milagres e que é o grande responsável pelas transformações que atualmente se veem, por exemplo, no programa A Tua Cara Não Me É Estranha e em tempos no extinto Chuva de Estrelas.
Sérgio Alxeredo está presente em estúdio e não contém as lágrimas ao ouvir os agradecimentos de Américo, que tenta transformar em palavras a dor imensa que sempre sentiu. «São muito anos a sofrer, mesmo… Naquela altura era um rapaz, hoje já sou um velho e foi uma luta muito grande que eu tive comigo mesmo: ‘Américo não te deixes ir abaixo’ e consegui vencer através deste senhor», salienta.
É que, como Cristina Ferreira relembra, «foram anos a olhar para um rosto deformado». «Todos os dias… E quem me deu força foi uma senhora que eu lá tenho em casa… a chamada minha mulher, porque senão, eu já não estava cá…», afiança Américo, grato pela transformação.
O caracterizador ouve Américo e explica como lhe conseguiu fazer a prótese. «Isto não é de maneira nenhuma a minha especialidade… Isto é uma disciplina que se chama anaplastologia, que é um curso que vem da medicina dentária. E é preciso uma especialização e é preciso saber muito. E eu não tenho sequer tempo para estudar…», justifica o profissional, referindo, porém, o quanto se sente feliz por ter feito a diferença na vida do octogenário. «Isto é muito gratificante e há pessoas na vida que só fazem este tipo de trabalho.»
Américo criava os próprios narizes
Sérgio Alxeredo sentiu, de imediato vontade de ajudar Américo, assim que este foi ao seu encontro. «Claro», confirma o maquilhador a Cristina. «Podia ser o teu pai, podia ser o meu, qualquer pessoa…», refere, ainda, muito emocionado. Tanto, que nem consegue terminar o discurso.
Até ao momento em que encontrou a solução perfeita, Américo foi construindo os próprios narizes. Para isso, recorria a «máscaras de carnaval». «Eu deslocava-me às lojas da máscaras ali na Praça da Figueira e escolhia aquela que tinha aqueles narizes que se adaptassem… e eu fazia.»
Cristina impressiona-se a ouvir o relato do convidado, que explica que recortava as máscaras e que usava alfinetes para segurar o resultado final… Mas, apesar dos esforços, a reação das pessoas, na rua, continua a incomodá-lo. «As pessoas continuavam a olhar. Eu não deixei de ter os meus vícios, que eram ir à bola. Apanhava o metro e toda a gente olhava, na bola olhavam.»
Muitas vezes, a curiosidade alheia era muito impertinente, mas agora o problema está ultrapassado com a prótese que demorou três meses a construir.
Cristina Ferreira impressionada com o caso
«Isto está tão perfeito…» Cristina elogia a perícia de Sérgio, que adianta como concluiu o processo. «Para chegar aqui foi um processo longo, porque eu tive de fazer uns cinco ou seis narizes. E, para fazer cada nariz, é repetir o processo do início ao fim, até eu ficar contente… E quando eu fiquei contente dei ao senhor Américo duas ou três opções para ele escolher», contou o caracterizador que para estar preparado para o trabalho, foi ver o que se fazia lá fora. «Há coisas muito impressionantes e muito dramáticas»…
Cristina, que continua muito impressionada com o caso, vai moderando o tom de voz e faz sucessivos elogios ao profissional. Salienta-lhe o trabalho perfeito e o bom coração. «Eu já te elogiei várias vezes em programas de televisão. És único no país, fazes coisas únicas no país, mas eu hoje tenho de te elogiar de outra forma, porque o que o sr. Américo disse, que és um anjo na terra, é verdade…. Porque, hoje, eu acho que tu percebeste que não andaste a brincar, que mudaste mesmo a vida de uma pessoa, que não mais se vai esquecer do homem do boné na cabeça.»
Certo é que Américo não podia estar mais feliz. «Ainda hoje quando vinha no táxi para aqui, perguntei ao chofer se se notava alguma coisa em mim, e ele: ‘nada! Nada, porquê?’ E, depois, eu tirei os óculos e disse: ‘não tenho nariz’. Não se nota nada… Só tenho de agradecer ao senhor Sérgio», finaliza.
Texto: Tânia Cabral; Fotos: Daily Cristina
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