Crónica de Carlos Leitão “Almoço de Domingo” com Rui Nabeiro
O legado do Sr. Rui Nabeiro garante-se todos os dias, sem a necessidade de calcar e subir aos bicos dos pés para ver mais longe.
Ser grande num mundo de pequenos será sempre uma questão suplementar para quem definiu cedo a prioridade humana como porta-estandarte de tudo o resto que viesse. Aos 90 anos, o Sr. Comendador Rui Nabeiro abraça muito mais que o tempo, tem no colo uma região inteira e o nome de um país que levou pela mão a Espanha, ainda novo, para fintar o cinzento-escuro da época que teimava em sujar o dourado de um Campo Maior alentejano.
Rui atravessou a fronteira e afrontou a carência com a braveza estóica de quem sabe fazer bem e melhor mais vezes, sem o premeditar. O Alentejo foi celeiro de tanta coisa, principalmente da capacidade melancólica de não sonhar, mas a sua perseverança marcou e marca a cadência dos dias, sem que as rodas mais ou menos dentadas do progresso lhe atravanquem o destino.
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