«O gordo vai à baliza», crónica de Carlos Leitão
Longe de nós imaginarmos uma dúzia de clubes europeus convencidos de que o dinheiro bem lavado elitizaria o futebol numa Superliga entre eles.
Não havia dinheiro para caneleiras personalizadas nem camisolas oficiais. Calções básicos, meias turcas puxadas ao máximo até ao joelho, e uns ténis simples e baratos, não era preciso mais do que isso para me sentir o maior, ou seja, o Vítor Baptista. No entanto, a pança farta e os óculos arredondados impossibilitavam-me de imaginar carreira, e a tenra idade levou-me demasiadas vezes para a baliza, pelo menos até dar cabo de uns cangalhos que os meus paizinhos pagaram com sacrifício. Aí, a baliza ficou órfã.
Nesse tempo, ricos e pobres partilhavam a praceta e os caixotes de madeira que já não serviam para a fruta, mas que encaixavam como uma luva de Damas no papel de baliza. O dinheiro só servia para comprar uma camisola ou, nos casos mais modestos, o símbolo do clube que as avós cosiam com amor na camisola mais antiga.
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