Joana Ferrer | Quem é a juíza que absolveu Manuel Maria Carrilho
A magistrada que duvidou que uma mulher «destemida», como Bárbara Guimarães, aguentasse tanto tempo como vítima de violência doméstica, é uma fascinada pela Alemanha nazi e tem uma paixão por gatos
Joana Ferrer é a juiza que absolveu Manuel Maria Carrilho do crime de violência doméstica e de outros 22 crimes de difamação, esta sexta-feira, dia 15 de dezembro. Carrilho foi condenado por um único crime de difamação, a uma multa de 900 euros e ao pagamento de três mil euros de indemnização a Bárbara Guimarães.
Esta é, também a mulher que duvidou que uma pessoa «destemida e senhora da sua vida», como Bárbara Guimarães, aguentasse tanto tempo como vítima de violência doméstica.
«Bárbara Guimarães é uma mulher destemida e dona da sua vontade, pelo que não é plausível que na sequência das agressões tenha continuado com o marido em vez de se proteger a si e aos filhos», disse a juíza no fim da sentença.
Contudo, diz ser particularmente sensível a questões que envolvam a violação de «direitos humanos».
Mas quem é a mulher que está a chocar a opinião pública?
Joana Ferrer tem 53 anos. Nunca se embebedou. Não se lembra da última vez que foi a uma discoteca. Não tem conta no Facebook. Não tem automóvel. Não tem iPad. Não tem iPhone. Não não vê televisão nem lê revistas, como disse numa das audiências. E tem um rádio, sempre sintonizado na Antena 2.
Teve uma educação rígida e exigente. O seu pai era coronel de cavalaria, que terminou a carreira como comandante militar de Aveiro. Um homem de disciplina prussiana que lhe moldou decisivamente o carácter e a personalidade. Em criança, Joana Ferrer acompanhava-o para todo o lado. Aos domingos de manhã, era frequente ir com ele inspeccionar a carreira de tiro da Esgueira, que nesse dia da semana não funcionava. Era também o pai que lhe dava aulas de equitação: se Joana caísse do cavalo, o coronel permanecia em silêncio, esperando que a criança se levantasse e montasse de novo. Em casa, era também ele que a acompanhava nos estudos. E durante anos a fio, férias incluídas, deu-lhe lições diárias de matemática.
O fascínio pela Alemanha Nazi e por gatos
Tem um fascínio pela Alemanha Nazi. Chegou a ter pendurados no seu gabinete quadros que retratavam algumas das personagens do período mais negro da história da Alemanha. Esta adoração pública causou incómodo entre alguns colegas e que levou a uma inspeção do Conselho Superior da Magistratura, na sequência de uma queixa. Gosta de assistir aos jogos da seleção de futebol alemã e sonha com o dia em que possa voltar à Alemanha para passar os seus dias.
Adora animais, especialmente gatos, porque, segundo a própria, não «traem» nem «desiludem» ao «contrário de muitos humanos». Vive com a Frida, a sua gata siamesa, mas cuida de cerca de outros 20.
Leia o resto do perfil da magistrada aqui.
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