José Carlos Pereira recorda altura em que era viciado em álcool

José Carlos Pereira abriu o coração a Maria Cerqueira Gomes na emissão deste sábado de “Conta-me”, da TVI, para falar sobre os problemas de alcoolismo que afetaram a sua vida profissional e pessoal.

José Carlos Pereira recorda altura em que era viciado em álcool

José Carlos Pereira abriu o coração a Maria Cerqueira Gomes para falar uma das fases mais delicadas da sua vida. Foi durante a emissão deste sábado, 9 de outubro, de “Conta-me“, da TVI, que o ator, de 42 anos, abordou o facto de ter enfrentado problemas de alcoolismo que afetaram a sua vida profissional e pessoal.  Há 20 anos, Zeca, como é carinhosamente tratado pelos amigos, estreou-se na televisão com um dos projetos de maior sucesso da TVI, “Anjo Selvagem“. Na altura com 22 anos, José Carlos Pereira foi solicitado para fazer várias presenças em festas onde havia acesso fácil a álcool e drogas.

“Havia aquela cultura das presenças e eu era solicitado para tudo, a toda a hora. Eu queria aproveitar tudo e muito. Comecei a facilitar em alguns campos, achava piada áquilo, beber alguns copos, e as coisas começaram a descambar. Quando se misturam vários ingredientes numa só caçarola, alguma coisa vai correr mal. Foi o que aconteceu, acabou por descambar, acabou por entrar no campo pessoal e profissional…”, começou por recordar à apresentadora.

O ator que dá vida ao Sotôr em “Festa é Festa” apercebeu-se de que algo estava errado quando começou “a perder oportunidades pela vida que andava a levar.” “A vida não é realmente isso. É preciso parar. Enquanto andamos naquela roda-viva, não vale a pena. Achamos que temos sempre tudo sob controlo. Quando começamos a ouvir as pessoas a falar mais do que nós devemos realmente ouvir, é porque alguma coisa não está bem. Foi esse o momento”, acrescentou.

“Recebo mensagens de mães a pedir ajuda”, revela José Carlos Pereira

A tenra idade foi, para José Carlos Pereira, um dos principais fatores que o fez ‘mergulhar’ com alguma facilidade na “adição” do álcool. “Mas se houve altura ou houve fase para o fazer, que tenha sido aquela. Seria catastrófico. Já não foi bom, mas seria catastrófico. Aprendi muito, sofri muito. Naquela altura, vivi muito o que me foi apresentado e reneguei para segundo plano a roda que me poderia proteger. Lancei-me um bocadinho aos leões, não tenho dúvidas”, admitiu.

O médico teve de conseguir “fazer as pazes consigo mesmo e com as pessoas que desiludiu” para conseguir dar início a um processo “doloroso”, recorrendo também a várias terapias, para deixar para trás umas das fases mais difíceis da sua vida.  “É um processo doloroso, parece que te estão a magoar todos os dias quando acordas. Nunca desisti. Já me atiraram muitas pedras e eu levantei-me e continuo a batalhar contra elas. Acho que todos temos um propósito e o meu é ajudar pessoas…”, confessou, para depois referir que é procurado por várias mães que têm filhos a passar por adições semelhantes.

“Recebo mensagens de mães a pedir ajuda. As pessoas não têm noção de que andam perdidas. Eu, para mim, andava ali em festas, era tudo normal. Isto é uma coisa que as pessoas entram num mundo transviado. Já ajudei algumas pessoas, encaminhei-as para centros. Às vezes tenho conversas com essas pessoas, porque me pedem. E vou continuar a fazê-lo… Quando começa a ser mais do que uma pessoa a dizer que temos um problema, aí já alguma coisa não está bem. É aí que se deve atuar, não é deixar descambar mais um bocadinho”, disse.

José Carlos Pereira considera que cada pessoa enfrenta a adição da sua maneira, mas não quis deixar de dar um conselho a todos os que estão a passar por fases semelhantes à que enfrentou: “A adição é o tal despoletar do gatilho. Há pessoas que se reeducam e aprendem a lidar com isso. O modelo que funciona é o modelo em que se aprende que não se deve fazer mais, mas eu tive o meu processo, tive a minha filosofia. O processo é olhar de fora para nós. O processo é demoroso, temos de ir ao fundo. Toda a gente devia fazer um processo desses, é um processo de autoconhecimento. A mim fez-me muito bem.” “Aceito o meu passado, não o vou esquecer, que é para não voltar lá. Sou a mesma pessoa, com prioridades diferentes”, disse ainda.

A relação com Liliana Aguiar e o nascimento dos filhos

Feliz na relação que tem com Inês de Góis, de quem tem um filho, Tomás, José Carlos Pereira recordou o relacionamento de “cinco, seis anos” com Liliana Aguiar, reconhecendo que falou para com a ‘ex’ durante a gravidez do seu primeiro filho, Salvador, por não estar bem com ele próprio.

“O Salvador foi fruto de um grande amor. É uma criança super especial. Agradeço à Liliana por me ter dado um filho maravilhoso. Damo-nos todos muito bem. Dou-me bem com o Francisco (Nunes). A altura em que o Salvador nasceu, a minha relação não estava na melhor fase. Estávamos separados. Foi muito atribulado. Não estava em paz comigo, não houve aquela disponibilidade para estar com ele. Agora não. Desta vez, pude acompanhar a gravidez. Mas o amor por eles é igual. Não há comparação. Filhos são filhos. O amor não se divide, reparte-se”, assumiu. José Carlos Pereira é, hoje em dia, um homem “mais calmo” e garantiu que essa calma contribui para o sucesso da sua atual relação. “Nem sei explicar muito bem, estou numa fase da vida diferente. Enquanto os outros campos não estavam assentes, também era difícil estar assente no campo emocional (…). A Inês fez-me e faz-me muita falta”, findou.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Reprodução TVI

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