José Raposo aponta o dedo à forma como os atores são vistos em Portugal por quem toma a decisão de os escolher para papéis em teatro. 

À margem das filmagens em Lisboa de O Pátio da Saudade, realização de Leonel Vieira que deverá chegar aos cinemas (e à RTP, em formato de longa-metragem e de série) em 2025, o artista deu como exemplo a mulher, Sara Barradas.

“Este ano, ela já fez três peças de teatro, que era uma coisa que ela adorava fazer. Porque é que eu digo adorava? Porque nunca a convidavam. Catalogam-se as pessoas com ‘esta é das novelas, esta é da revista, o outro é não sei de onde’. E depois as pessoas não nos convidam para coisas que nós gostávamos de fazer”, assume. 

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“Acima de tudo, habituaram-se a vê-la nas novelas e a convidá-la para fazer novela. É a história de ‘a cara bonita’, ‘a menina das novelas’. Tem muito a ver com isto”, prossegue, adiantando ainda que “a culpa” é também das “pessoas do teatro que não a convidam” e não apenas “das pessoas da novela que só a chamam para isso”.

“São os tais rótulos que se põem. Porque este País existe por nichos, por bolhas. Há os do teatro, os da televisão e os do cinema. E mesmo dentro do teatro há vários grupinhos muito fechados. Depois na televisão há outros grupos, como sabem, que também são fechados. São sempre os mesmos, através dos mesmos sítios. E no cinema é a mesma coisa, os mesmos grupinhos. Isto é um país de grupinhos”, atira. 

José Raposo termina afirmando que Sara Barradas conseguiu integrar os elencos de três peças de teatro este ano porque “manifestou vontade” e “teve a sorte de haver duas ou três pessoas que, felizmente, a convidaram”.

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Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Arquivo Impala.

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