Júlia Pinheiro enfrenta novo desafio: «É uma vertigem, um abismo que quero alcançar»
Júlia Pinheiro vai estrear-se nos palcos a 21 de março, ao lado de Joana Pais de Brito e Paula Neves. Um novo desafio que, como conta, a deixa «aterrorizada».
Aos 56 anos, Júlia Pinheiro decidiu enfrentar um desafio inédito na sua carreira: os palcos. Daqui a pouco mais de um mês, a apresentadora da SIC vai subir ao palco do Teatro Armando Cortez ao lado de Paula Neves e Joana Pais de Brito para interpretar a peça ‘Os Monólogos da Vagina’.
Em conferência de imprensa esta terça-feira, 12 de fevereiro, Júlia revelou os motivos que a levaram a aceitar o desafio proposto por Paulo Sousa Costa, encenador da peça.
«Tenho 56 anos e já fiz muitas coisas, já fiz quase tudo. Nunca tinha feito esta. Não existe nada que me deixe mais irritada do que pensar que eu podia ter feito e não fiz», começa por dizer.
«Não é uma loucura, é um desejo secreto. É uma vertigem, um abismo que quero alcançar. Se a sala estiver em absoluto silêncio e eu ouvir uma gargalhada do fundo eu vou para casa com a sensação de gratificação tão grande que é melhor do que qualquer outra coisa que eu tenha feito. A televisão é muito compensadora em muitas coisas, mas não dá esta respiração», confessa.
«Não podia dizer que não e agora estou aterrorizada e talvez venha a ser internada»
Júlia Pinheiro, Joana Pais de Brito e Paula Neves começaram a ensaiar há apenas dois dias. A preparação para os palcos tem sido ajustada aos horários da apresentadora das tardes da SIC, que fez questão de agradecer às colegas pela generosidade desta disponibilidade.
Inicialmente, Júlia Pinheiro recusou o convite, por ter «muito respeito» pela arte da representação. Mas lá acabou por se convencer. «Depois o Paulo e a Carla, que são pessoas muito persuasivas, tiveram mais umas conversas comigo. Explicaram que estava ao meu lado e foi decisivo. Quando li a peça vi que não podia dizer que não. É um texto que tem de ser lido, que tem de ser ouvido. Tem uma força que socialmente tem uma grande importância. Esta mulher fez um texto brilhante. De facto a nossa sexualidade, o nosso sexo, pouco fala.»
Para alguém que já fez tudo o que havia para fazer em televisão, entrar num novo universo não deixa de causar temor. «Não podia dizer que não e agora estou aterrorizada e talvez venha a ser internada», explica.
Júlia afiança, entre gargalhadas, que vai conseguir conjugar a preparação e a emissão do programa «sem recurso a substâncias tóxicas ou estupefacientes». E adianta que a reação da SIC, em particular de Daniel Oliveira, diretor de programas da estação de Paço de Arcos, não podia ter sido melhor. Além, claro, da do marido, Rui Pêgo.
«A razão pela qual estou aqui tem a ver com a força de dois homens, dois pénis, o que é bom. Um deles é o lá de casa. O meu marido incentivou-me imenso a vir, a participar neste projeto», conta. «E depois o meu diretor de programas, o Daniel Oliveira, que quando lhe telefonei a dizer ele disse logo que não era uma loucura e que tinha de fazer isto. Portanto, o respaldo que eu senti que a estação me estava a dar foi muito importante», acrescenta ainda.
«Os homens que entendam vaginas felizes, serão pénis contentes»
‘Os Monólogos da Vagina’, escrito por Eve Ensler, ganha, segundo as próximas intérpretes, uma maior importância na época que estamos a viver. «Os homens que entendam vaginas felizes, serão pénis contentes», diz Júlia Pinheiro, apelando ao público masculino. «Estamos condicionados culturalmente para uma ocultação da sexualidade, sobretudo na minha geração», explica a apresentadora da SIC. «Fala-se de inquietações e sentimentos, mas nem nós mulheres sabemos muito sobre a nossa vagina.»
Júlia Pinheiro chegou a frequentar o conservatório de Teatro mas acabou por desistir. «Foram sete meses que deixaram qualquer coisa. Não se passa por aqueles profissionais da época sem levar nada».
‘Os Monólogos da Vagina’ estreia-se a 21 de março no Teatro Armando Cortez, em Lisboa.
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Texto: Raquel Costa com Jéssica Santos, André Carvalho, Inês Borges, Ivan Silva e Carolina Sá Pereira | Fotos: Tito Calado
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