Jornalista da TVI relata pesadelo com paranoia e violência à mistura
Maria João Rosa, jornalista da TVI, abriu o coração e tornou público o calvário pelo qual passa “há oito anos”.
A jornalista da TVI Maria João Rosa deixou por momentos as notícias de lado e, num raro momento de intimidade, aceitou abrir o coração. Fê-lo para partilhar o calvário que passa “há oito anos”, desde que assumiu o papel de “cuidadora de uma doente de Alzheimer”: a mãe. Sendo a progenitora viúva, é da profissional da estação de Queluz de Baixo, “filha única”, que “depende totalmente”.
“A doença começou devagarinho, com as frequentes falhas de memória que denunciam o início do Alzheimer, mas progrediu para um estado de profunda negação por parte da minha mãe. Quando mais doente ficava, mais convencida estava de que não estava doente. E que todos em seu redor a tentavam enganar”, relatou Maria João Rosa, num artigo de opinião difundido na newsletter da Media Capital, de cujo grupo a TVI faz parte.
A jornalista explicou, depois, que “paranoia, desconfiança, agressividade e até violência tornaram-se recorrentes, sobretudo em relação às pessoas mais próximas”. “Sobretudo em relação a mim”, sublinhou.
“Eu achava que ia sofrer muito no dia em que ela já não se lembrasse de mim. Mas, pior do que isso, foi o dia em que ela me olhou nos olhos, cheia de fúria, e me disse que já não era filha dela, porque acreditava piamente que a estava a tentar envenenar, que a queria fazer passar por louca, que a queria roubar – sem se lembrar que há anos era eu que sustentava as duas”, prosseguiu a profissional da TVI.
Jornalista da TVI sentiu-se «órfã de uma mãe viva»
Maria João Rosa não tem dúvidas: “nesse momento”, sentiu-se “órfã”. “Órfã de uma mãe viva”, vincou, acrescentando: “Ela ainda me reconhecia… mas eu é que já não a reconhecia a ela.” “Felizmente”, com a passagem dos anos, foram descobertos “a medicação certa, o neurologista certo, o apoio certo” para a mãe da jornalista da TVI. “A memória que ela perdeu já não volta, sei bem. Mas consegui que a paranoia desaparecesse”, desabafou.
No final, a também pivô da TVI24 explicou que, “hoje em dia”, a mãe “confia totalmente” nela. “Mais até”, disse mesmo. “Eu sou o seu disco externo, a sua memória de bolso. E já não se sente frustrada, mas em paz, por se ter libertado desse peso de puxar pela cabeça. Enquanto não houver cura para o Alzheimer, é essa a única meta a que nós, cuidadores, podemos aspirar. Mantê-los felizes o máximo de tempo possível. Para que passem a viver dentro de um filme muito mais bonito”, rematou. Leia a crónica de Maria João Rosa na íntegra aqui.
Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais
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