Em lágrimas, Raquel Tavares anuncia fim da carreira: «Fui para lá dos limites»
Raquel Tavares anunciou, esta quinta-feira, dia 9 de janeiro, que vai abandonar o mundo artístico. Em lágrimas, perante o olhar atento de Cristina Ferreira, a cantora revelou que vai «parar de cantar»
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«Venho partilhar a decisão que tomei.» Foi assim que Raquel Tavares começou por comunicar aquela que é a decisão mais marcante da sua vida. Sob o olhar atento de Cristina Ferreira, a fadista, de 34 anos, afirmou: «Estou quase a fazer 35 anos. Decidi que quero viver além daquilo que tem sido a minha vida nos últimos 28, que tem sido cantar. Desde muito cedo que a música é a minha vida».
A cantora referiu que se apercebeu que estava «infeliz» a cantar há cerca de um ano. A decisão de parar veio logo a seguir. «Há um ano para cá percebi que aquilo a que me dediquei uma vida inteira me estava a fazer menos bem. Estava profundamente infeliz. Não propriamente a cantar, mas naquilo que é adjacente a isso, a vida artística.»
«Fui para lá dos limites»
Raquel Tavares admitiu o cansaço, fruto do trabalho intenso e da vida agitada a que a profissão obriga. «Já estava muito incapaz há muito tempo. Eu fui para lá dos limites. Sou muito grata por todas as oportunidades que tive, que me deram.»
O vazio tomou conta da fadista. «Há um ano, depois do disco do Roberto Carlos, quando tudo estava a correr muito bem, fui disco platina, ganhei o Globo [de Ouro]. Quando acabava de cantar, chegava ao camarim e sentia que estava vazia, porque dei tudo. Isto aconteceu-me tantas vezes durante o último ano. No último ano e meio eu subia ao palco muitas vezes doente, frágil, sem nada para cantar. Deixei de ter vida.»
«Perdi dez quilos num mês e meio»
O corpo também se ressentiu. A fadista perdeu dez quilos num mês e meio. «O meu corpo gritou: ‘Para’. Eu fiquei doente. Perdi dez quilos num mês e meio, tive problemas graves, contraí uma faringite, que é das piores doenças que um cantor pode ter. Estive quase dois meses a cantar doente, com muita febre.»
As lágrimas correram-lhe pelo rosto enquanto contava o desespero que viveu e ainda vive. «Chorei muitas vezes em concertos por desespero. Na minha cabeça, este parar tem de ser um ponto final. Nada é definitivo, mas na minha cabeça cantar é uma coisa que me faz mal. E estamos a falar do amor da minha vida, dediquei-me à música a vida inteira. Deixar para trás aquilo onde investi a vida toda. Deixei de fazer muita coisa pela música. Eu ia viver para o Brasil e tive de optar. Optei pela música», explicou.
«Antes de ser artista, sou gente, sou pessoa. Temos vidas, dias difíceis. Às vezes as pessoas esquecem-se disso. Eu gosto é de cantar. Eu não sou uma figura pública, eu sou artista. Eu sei que temos de estar preparados para a vida quando seguimos este caminho, temos de estar disponíveis para as pessoas quando saímos à rua, mas não significa que eu goste disso», insistiu.
«Esta vida tirou-me muitas pessoas, perdi muitas pessoas»
Raquel Tavares sempre quis ser jornalista, mas a paixão pela música falou mais alto. «Eu cresci na televisão. A minha mãe trabalhou na RTP, o Hernâni [Carvalho] andou comigo ao colo. Eu queria ser jornalista, nunca quis ser esta artista que quiseram construir. Eu gosto é de cantar, só queria isso.»
Muitos foram os autógrafos que dava com um sorriso no rosto, seguido por um choro intenso quando os fãs viravam costas. «Tantas vezes que eu me enfiei na carrinha, depois de concertos, tapei-me com uma manta e chorei. Chorei muito. Chorei porque tinha miúdos a pedir-me autógrafos e eu não era capaz de dar.»
Prestes a celebrar o 35º aniversário, a cantora tem a mágoa de não ter criado família. «Eu vou fazer 35 anos depois de amanhã, olho para mim e pergunto: o que é que eu tenho?… Tu sabes Cristina. Tens um filho, eu não. Tens a tua mãe lá em casa, eu não.»
«Esta vida tirou-me muitas pessoas, perdi muitas pessoas. Algumas desistiram de mim», referiu, emocionada. «Os últimos três meses foram muito difíceis e solitários, mas eu sou uma sobrevivente. Eu, na verdade, nunca quis isto. Então agora vou fazer aquilo que sempre quis, tudo aquilo que nunca fiz pela vida que tinha, que não me permitia.»
Raquel Tavares terminou a dizer: «Quero sentir vontade de cantar, mas agora não tenho».
Texto: Mafalda Mourão com Mariana de Almeida
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