RFM obrigada a justificar piada de Luís Franco Bastos sobre Coronavírus

Luís Franco Bastos brincou com o caso do coronavírus na RFM e irritou a comunidade chinesa.

RFM obrigada a justificar piada de Luís Franco Bastos sobre Coronavírus

Luís Franco Bastos esteve na RFM a comentar o caso do coronavírus, que já matou, até agora, 490 mortos em todo o Mundo. As palavras usadas não foram as melhores, segundo os cibernautas e até chineses comentaram o seu Instagram.

«Nossa! Que desgraça! Sobraram quantos? 378 mil milhões? Menos, querido… Sobra até mais wi-fi assim. Quem sobrevive ‘bota’ conteúdo no Insta mais fácil…», afirmou com sotaque brasileiro no papel do influencer Gleidson, na rubrica Informações Privilegiadas.

Arrasado por comunidade chinesa

Na página de Instagram de Luís Franco Bastos foram muitas as pessoas que comentaram a partilha do vídeo do humorista na RFM. Entre inúmeros portugueses destacam-se cibernautas chineses, que não perderam tempo em mostrar o seu desagrado perante as declarações proferidas.

«Merecemos um pedido de desculpas público», escreveu uma cibernauta de origem chinesa.

«Não sei que educação teve, mas realmente uma pessoa digna e respeitosa não brinca com os desastres que estão a acontecer, não só na China, mas também no mundo todo», atacou outro chinês, que, alegadamente, terá recorrido ao Google Tradutor para deixar a mensagem, pela forma como escreveu.

«Se isto acontecesse em Portugal vocês também não gostavam que eu gozasse com vocês», acrescenta outro.

Também os portugueses se manifestaram, como este: «Isto é mesmo como se morresse cá um português inocente e aparecerem pessoas a comentarem que ainda temos 10 milhões! Em vez de respeitarem uma pessoa…»

RFM reagiu

A rádio RFM esclareceu hoje que a rubrica de humor que deixou “revoltada” a comunidade chinesa em Portugal pelas referências a mortes por coronavírus pretendia “satirizar” comentadores “fúteis e desinformados” que se desviam “do que é importante”.

Em declarações à Lusa, o diretor da RFM, António Mendes, observou que “o alvo da sátira” da rubrica de terça-feira do humorista Luís Franco-Bastos “não é a China ou os chineses e, muito menos, as vítimas do coronavírus”.

“Este personagem [da rubrica], que já existia antes, pretende satirizar ‘influencers’ [influenciadores nas redes sociais] fúteis, ou pessoas desinformadas, que comentam assuntos na Internet sem se focarem no que é realmente importante”, justificou o responsável da RFM.

António Mendes recusa, por isso, que o alvo do humor fossem as mortes ligadas à infeção por coronavírus, notando que Luís Franco-Bastos faz parte “da nova equipa do Café da Manhã da RFM, que arrancou a 06 de janeiro, e que integra ainda Pedro Fernandes, Mariana Alvim, Salvador Matinha e Duarte Pita Negrão”.

O presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, disse hoje que a comunidade chinesa em Portugal está “revoltada” com a rubrica e exigiu um “pedido de desculpas” da rádio.

Em declarações à Lusa, Y Ping Chow destacou que “o humor é interessante, mas não é tudo”.

“Pode até ser humor, mas não poderia ser feito numa altura em que as pessoas estão tão focadas em apoiar e acalmar quem está preocupado por causa do vírus. Causou muito mal-estar na comunidade e queremos falar com a administração da rádio”, vincou o empresário radicado no Porto.

A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.

Foram 64 as mortes na China registadas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de Pequim. A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

 

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