Sara Pinto “Não quero ser refém da profissão. Quero ser feliz” (entrevista exclusiva)
É uma das melhores pivôs da sua geração. Fez-se profissional na SIC, mudou-se para a TVI há pouco mais de três anos e, numa fase de afirmação profissional, não teve medo de ser mãe. “A carreira e a vida pessoal têm de ser compatíveis”, diz. Ao seu lado tem o homem por quem se apaixonou na faculdade, e que também mudou a vida por amor.
Madrugadas, Jornal da Meia-Noite, Jornal das 8, TVI Jornal, onde estás agora. Já fizeste um pouco de tudo na informação televisiva, entre SIC e TVI. Mas depois de estares no horário nobre informativo, à hora do jantar, passar para a hora do almoço não pode ser entendido como despromoção?
Não. Fazer este horário da hora de almoço surge de uma conjugação de vontades: da direção da TVI, que queria mexer neste jornal, e da minha de também querer ter um maior equilíbrio com a minha vida pessoal, tendo em conta o momento que atravesso, que é o de ter dois bebés [risos].
Sais mais cedo.
Sim. Portanto, este horário acabou por cair na perfeição. Além disso, sou muito nova. Tenho 37 anos e tenho tempo para fazer as coisas [pausa]. Não preciso de fazer tudo à pressa. O meu momento agora é o de tentar ter um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional e este é o horário que melhor serve isso.
Ainda por cima é um grande desafio porque é um horário em que a TVI sempre teve dificuldades, em que a SIC é muito forte, mas em que há hoje um maior equilíbrio.
[sorriso] Temos tido resultados que provam que estamos a fazer um bom caminho. Nas duas últimas semanas, batemos dois recordes: o de rating do jornal – conseguimos a melhor marca do ano – e o de share do ano também.
A televisão é um jogo de dinâmicas. As manhãs da TVI estão a ganhar às da SIC, portanto, a herança que recebes do Cláudio Ramos e da Cristina Ferreira é hoje muito mais forte do que era há sete meses.
Mas se fores analisar as nossas curvas, há ali uns minutos finais do Dois às 10 que muitas vezes perdem para a Casa Feliz, que é o segmento da análise criminal. Mas é evidente que a tendência de subida da curva do jornal tem sido brutal.
Mudaste da SIC para a TVI em janeiro de 2021. Foi o desafio que foi aliciante ou sentias que já não crescias tanto na SIC?
[pausa] Esta mudança surge com a expetativa de poder ter oportunidades para fazer outras coisas. Na SIC isso seria mais difícil.
Sentias-te tapada, digamos?
Senti que os espaços onde poderia ter essas oportunidades estavam ocupados [pausa]. A SIC estava num momento de muita solidez nas audiências. Quando saio, a SIC está a ganhar e a maior parte do tempo que estive na SIC, esteve a perder. Portanto, com os espaços consolidados, é mais difícil, não se vai mexer em equipa que vence.
É difícil mexer na Clara de Sousa e no Rodrigo Guedes de Carvalho?
São duas figuras muito sólidas da informação. Quando venho para a TVI, isso decorre de um espaço que foi deixado livre também na hora de almoço, porque o Pedro Pinto tinha acabado de sair.
És muito competitiva?
Sou. Gosto de ganhar [pausa]. Mas, ao mesmo tempo, também não me incomoda isso, porque se fosse para estar apenas numa televisão que ganha, não tinha saído da SIC. Mas gosto de aceitar o desafio e de sair vencedora.
É o espírito nortenho dentro de ti?
Talvez. De alguém que nasce numa pequena cidade, em Marco de Canaveses, e quer fazer televisão, e sabe que vai ter de ir à luta.
Sempre foi muito claro para ti que Marco de Canaveses era pequeno demais para ti?
Desde o início. Sobretudo para quem queria desde nova descobrir coisas novas, entender o mundo.
Mesmo triunfar no Porto nesta área não é fácil. A maior parte das pessoas que o Porto deu à televisão acabou por triunfar em Lisboa, não é?
Sim, a maior parte [pausa]. Eu comecei como jornalista na redação da SIC do Porto, fiz lá o meu estágio de faculdade. Depois acabei por ficar.
Na altura o diretor da SIC no Porto era o Pedro Cruz?
[sorri de forma nostálgica] Sim, era o Pedro [Pedro Cruz morreu no passado dia 21 de abril, vítima de cancro. Tinha 53 anos]. Foi o Pedro que foi o meu mentor na SIC do Porto. Fui buscar também a ele muito daquilo que sou hoje enquanto jornalista.
O lado de não quebrar e de não desistir.
Sim e até às vezes o atrevimento nas entrevistas, não ser um mero pé de microfone. Naqueles primeiros tempos no Porto, fui fazendo alguns contratos de substituição que, entretanto, chegavam ao fim.
Leia a entrevista completa na edição da NOVA GENTE desta semana.
Texto: Nuno Azinheira; Fotos: Helena Morais
Siga a Impala no Instagram