Supernanny portuguesa já não regressa, mas lá fora é assim e é bem ‘pior’

Pais que agridem filhos, apresentadora enganada por famílias…«Supernanny» só agora começou em Portugal mas, lá fora, o programa tem 14 anos de histórias, drama e polémica.

Portugal foi o mais recente de 22 países a exibir o programa de entretenimento Supernanny. O formato da SIC ainda só tem um episódio mas a polémica levantada já deu pano para mangas.

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Da Ordem dos Psicólogos  à Entidade Reguladora para a Comunicação Social, passando pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, além das habituais revoltas nas redes sociais, um país inteiro emitiu opinião sobre o formato conduzido pela psicóloga Teresa Paula Marques.

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Para o público português, Supernanny é novidade. Mas o formato, um original britânico, emitido no Channel 4, já tem 14 anos.  Jo Frost, atualmente com 46 anos, é a rainha de todas as Supernanny.

Ama desde os 18 anos, tornou-se uma estrela de reality tv em 2004, com a primeira edição de Supernanny. O programa foi um êxito instantâneo, com uma audiência média semanal de 6 milhões de telespectadores.

De 2004 a 2016, Jo Frost apresentou o formato original britânico, a versão norte-americana e vários spin offs do programa.

Adepta da ‘cadeira do castigo’ (onde as crianças se deverão sentar quando têm comportamentos incorretos) a filosofia educacional de Jo Frost, bem como o próprio formato, foi alvo de várias críticas.

Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas realça que aparição de menores em reality shows pode «constituir interferência ilegal na privacidade dos mesmos»

«Foste muito, muito mal-comportado», de dedo em riste, o tom de voz autoritário e, por vezes, agressivo,  e a exposição pública dos defeitos de pais e mães, foram alguns dos aspectos mais criticados na performance de Jo Frost. Em 2007, curiosamente, as Nações Unidas instaram o Partido Trabalhista britânico – na altura no poder – a «interromper reality shows que exploram crianças».

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À época, o Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas realçou que a aparição de menores em reality shows poderia «constituir uma interferência ilegal na privacidade dos mesmos» e recomendou que o governo regulasse a participação de crianças neste tipo de formatos de forma a que os seus direitos não sejam violados. Nada foi feito.

Apesar das polémicas, Jo Frost chegou mesmo a ser elogiada no parlamento britânico por deputados do Partido Conservador, no âmbito de um debate sobre comportamentos antissociais.

Supernanny: 14 anos a controlar birras pelo mundo fora

Se ficou chocado com o programa da SIC, com as birras, os gritos, não veja os próximos vídeos. Nas versões britânica, norte-americana, francesa, há imagens e conteúdos de arrepiar até os mais insensíveis.

Neste episódio da versão norte-americana, uma mãe tem por hábito castigar o filho, dando-lhe a beber detergente da loiça.

Num outro episódio, um casal deixa a educação dos filhos mais novos a cargo das filhas adolescentes, que chegam ao final do dia extenuadas.

Há também imagens de pais violentos e abusivos, como este que chama ‘estúpida’ à filha de nove anos.

Mas Supernanny também tem o seu lado educativo e até de prevenção de casos de violência doméstica. Em 2016, Jo Frost, no spin off Jo Frost: Nanny on Tour, denunciou às autoridades um pai, depois de as câmaras ocultas usadas pela produção terem captado o homem a bater com um cinto no filho de nove anos.

No Brasil, Cris Poli é a anfitriã de Supernanny. A argentina de 72 anos conduziu a versão brasileira do formato, exibido no canal SBT, ao longo de sete anos.

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Na versão canarinha do formato, a polémica não se instalou tanto do lado social mas mais do lado da própria apresentadora, Cris Poli chegou a abandonar um dos episódios, depois de ter sido engana pelos pais de três crianças.

Estes tinham prometido doar os brinquedos não usados pelos filhos, o que acabaram por não fazer.

Um dos países em que o formato tem maior longevidade e sucesso é Espanha. «Supernanny», transmitido pela Cuatro, teve nove temporadas, entre 2006 e 2014, e foi conduzido por Rocío Ramos-Paúl Salto. O formato conquistou audiências ao longo de vários anos e o sucesso é unânime.

Mas em França, a conversa é outra. A primeira Supernanny, Cathy Sarraï, fez as primeiras cinco temporadas do programa, tendo morrido em 2010.

Em 2016, a sua sucessora, Sylvie Jenaly, foi acusada de «violência educativa» por uma associação parental, que organizou uma petição para acabar com o programa .

A associação reclamava que o programa desrespeitava «os direitos das crianças, ao exibi-las em situações degradantes». A petição e a polémica resultaram em… nada.

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Supernanny é exibido em 22 países, em versões adaptadas à realidade local (casos de Portugal, Espanha e França) ou em versão dobrada/legendada (China, Roménia, Indonésia).

Texto: Raquel Costa

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