Tiago Paiva Já gastou mais de meio milhão para criar nova rede social: “É ser maluco”

Há quem conheça Tiago Paiva como youtuber. Ou como o maluco que insultou António Costa na Assembleia da República. Mas o jovem empresário é a mente por detrás da Topics, uma aplicação de comunicação que promete revolucionar a forma como olhamos para as redes sociais.

Tiago Paiva não esconde a ambição de conquistar o mundo. “Dá-me tesão saber que estou a fazer uma app que pode ir de frente com o Zuckerberg ou Elon Musk e ter uma proposta deles um dia e rejeitá-la”, diz.

Como te devo tratar durante a entrevista: Tiago Paiva, Conde Paiva, DiCaprio das Antas, Johnny Depp da Caparica ou outro nome?

Já estou a gostar de ti (risos). Podes tratar-me como quiseres. Se quiseres até podes chamar Zé. Não sou Zé, mas se te sentires confortável, pode ser. Estive 30 dias a fazer 30 vídeos com o objetivo de criar hype para o lançamento da minha rede social. Uma das primeiras coisas em que reparei é que estávamos num sítio que era literalmente uma herdade. Já me tratavam por tio Paiva e como tenho um anel com brasão de família, vesti o meu robe de seda e disse que ia ser o Conde Paiva. E ficou. Acabando por entrar na personagem em brincadeira. É algo que acaba por fazer parte do entretenimento.

Agora, que temos o nome resolvido, como surge a ideia de avançar para um evento como o Digital Meetup by Topics e, acima disso, para a rede social Topics?

Já gastei mais de meio milhão do meu bolso na aplicação, na Topics. Este foi um ano louco de investimentos, com duas empresas novas, construção da minha casa nova. Tive de apostar em todos os cavalos ao mesmo tempo. Mas não tenho medo de fazer all-ins enquanto não tenho filhos, o que vai mudar (risos). Tinha de pensar num evento que fosse especial e que me permitisse criar ao máximo de pessoas possível. Gosto de fazer omeletes sem ovos e a ideia foi criar um evento vai muito além de uma apresentação. Junto 300 influencers que vão ajudar na divulgação da Topics, uma aplicação de bem. Para se ter uma ideia vai ter menos 90% da toxicidade das outras redes sociais.

Como?

Isso ainda não posso dizer porque não é a altura certa. Vamos juntar pessoas de uma forma muito especial como uma feature que não existe em nenhuma parte do mundo. Acho que vai revolucionar as coisas. Vamos conseguir ajudar muitas pessoas. Para se ter uma ideia, no primeiro mês vamos ter uma campanha em que vamos ajudar mais de nove mil pessoas com problemas de saúde mental. Tudo de forma gratuita. Esta é a minha visão. Fazer o bem com uma app de comunicação (prefiro este nome), embora tenha uma rede social integrada.

E tudo isto leva ao tal evento especial que é muito mais do que uma apresentação…

Tinha que ser algo que fizesse com que a atenção estivesse virada para a Topics. Então pensei em fazer um investimento para juntar 300 pessoas. Tenho muitos conhecimentos em diversas áreas e estas pessoas vão poder participar em atividades bacanas ao mesmo tempo que fazem ligações entre elas. A isto juntam-se as equipas de marketing mais fortes para estarem juntos com os influencers. Vai existir um contacto próximo. As pessoas que estão a confirmar a presença confiam em mim, no projeto. A Topics vai ser revolucionária. A isto juntam-se dois dias com muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Vai ser de longe o maior evento digital do País.

Qual o impacto do evento no futuro dos influencers e marcas além das tais ligações e proximidade entre todos?

Um bom negócio é quando é bom para os dois lados. Fico contente quando sei que estou a ganhar justamente e a outra pessoa também. E aqui é assim. É importante ter estas pessoas a apoiarem o lançamento da minha app, mas tem que ser bom para eles. Existem pessoas que não se conhecem pessoalmente e vão estar juntas. E junto de marcas com quem podem criar ligações. Não tenho dúvidas de que isto irá fazer com que o digital cresça em Portugal.

Não te assusta avançar para um evento desta dimensão, que certamente irá captar muitos olhares e talvez com algumas pessoas a desejarem que corra mal?

Não tenhas dúvidas. Não sei se posso dizer isto, mas ainda me dá mais tesão. Tudo o que fiz até agora é sobre o não. O não é a gasolina que me faz andar para a frente.

Tal como quando quiseste ser guarda-redes do Futebol Clube do Porto?

Sim. Quis ser guarda-redes do Porto. Fui às captações e não fiquei. Os meus pais e amigos disseram que era muito difícil. Com 11 anos, treinei um ano sozinho todos os dias. No ano seguinte fui e fico. Aos 18 anos comecei a tocar violino em discotecas. Disseram que era maluco e corri o mundo a fazê-lo. Foi quando comecei a ganhar dinheiro a sério. Depois, a 4Play. Aos 20 anos quis escrever uma série de televisão e disseram que era impossível. Passados sete anos estou a vendê-la à RTP em que sou argumentista e protagonista. Depois, é o Covid. Tinha vários apartamentos, fiquei à rasca e disse que ia fazer YouTube. Disseram que era muito difícil e hoje sou dos melhores. O não esteve sempre lá. Ouvir um não dessa malta só me dá mais energia.

Muitos olham para ti como influencer. É um conceito em que te revês?

Não sou um influencer. Quer dizer… ao início também me fazia confusão chamarem-me youtuber. Chamem-me o que quiserem pois estamos sempre a ser julgados rotulados e julgados. Não há problema nenhum. Agora, é como ser futebolista. Não é por jogares futebol que és bom. É como na tua área, há bons e maus jornalistas.

Aos 7 anos começas a tocar violino. O que imaginavas para o teu futuro nessa época?

Não me lembro, mas sei que detestava aquela porcaria (risos). Mas recordo-me que ainda antes dos 11 anos tinha metido na cabeça que queria ser guarda-redes. Depois, tive o sonho de ser profissional de golfe. Mas depois percebi que os meus pais não podiam pagar, na altura, 60 mil euros por ano para estar numa academia nos Estados Unidos da América. Fui para arquitetura e quando comecei a tocar violino o sonho passou a ser violino e ser ator.

Tens saudades do tempo em que tocavas violino em discotecas?

Tenho e não tenho. Vivi muito e corri mundo. Com vinte e tal anos tinha a experiência de um gajo de 50. Por outro lado, foi muito desgastante. Tive um burnout depois de o meu pai morrer e devido à vida noctívaga que tinha. Bebia demasiado. Fiz umas 800 atuações na minha vida e não me lembro de ter tocado sóbrio. Bebia uns canecos para ficar mais soltinho. Estraguei-me um bocado. Foi giro, levou-me onde estou hoje, mas não tenho saudades nenhumas da vida de noite. Vou dizer aos meus filhos para nunca trabalharem de noite. Estraga as pessoas.

Já fizeste várias coisas, já tiveste sucesso em vários projetos de áreas distintas. É o reflexo de seres uma mente irrequieta?

Quando olho para trás com calma sei que já fiz muito. Já fiz coisas diversificadas. Não tens nenhum youtuber que tenha feito coisas tão diferentes como fiz. Acho que estar sempre a inovar, por ser uma mente irrequieta, foi o que também me ajudou a ter sucesso no YouTube. É complicado dormir pois a minha cabeça não para. Mas as diferentes ramificações no meu trajeto nunca foram premeditadas. Sempre soube que teria um grande projeto na minha vida que me irá permitir ajudar muitas pessoas. Tenho a certeza de que vou ser das pessoas que mais vou ajudar neste País. Criar orfanatos, instituições e por aí fora. É o meu objetivo de vida e a Topics vai ser muito importante para isso.

A própria app?

Vamos ter uma forma de ajudar sem ter as verbas necessárias para ajudar á escala que gostaria e que irei ajudar.

Falaste em estar destinado a um grande projeto. Achas que todos estamos?

As pessoas focam-se demasiado no que vem a seguir. Temos de estar com os olhos bem abertos. Aproveitar bem as oportunidades que aparecem e quase toda a gente as tem. O problema é que não as conseguem ver. Todos passamos por dinheiro perdido no chão. Há quem o apanhe e quem não apanhe. Sou uma pessoa que quando se depara com uma oportunidade começa logo a pensar em tudo. Sou assim em negócios e em tudo na vida.

Tens entrevistado muitas pessoas, com várias conversas que dão que falar. Se fosse tu o entrevistado, quais as três perguntas que não poderiam faltar?

É uma pergunta interessante. Até porque estou a pensar numa pessoa que me faça um Devaneios. Mas não sei dizer. Porque quando estou numa conversa estou a ler a pessoa, não preparo nada.

Então, que pessoa escolhias para te entrevistar no Devaneios?

Ainda não pensei em ninguém. O único nome que me ocorreu é um puto que conheci recentemente. Gostei de o ver a falar.

E qual é a conversa que recordas em primeiro lugar?

Foi quando comecei a fazer o Insta Direct A Meias, na época do Covid. Vivia com o Ângelo Rodrigues e um dos primeiros foi com ele. Sou aquele gajo que do nada sai-se com uma bordoada. Viro-me para o Ângelo e pergunto-lhe se gosta de sexo anal. Ele diz que acha que toda a gente gosta e que é underrated. Fizeram-se muitos títulos a dizer que o Ângelo Rodrigues gosta de sexo anal e ele perdeu trabalhos. Foi a primeira coisa que chocou um bocado.

Por falar em chocar, há o episódio com o António Costa…

Eu tinha razão, ele já foi embora (risos). Foi giro ver o debate das pessoas a favor e contra, com a maioria a favor. Subi muitos números com isso e ainda rentabilizei no dia com venda de T-shirts.

Imaginavas que acontecia tudo isso?

Não! Sabia que ao dizer aquilo que teria views e partilhas. Mas fiz aquilo e nada. Em três dias o vídeo tinha umas 200 mil views. Depois há a demissão ou não demissão do Galamba. E os amigos do Governo pensam numa forma de abafar aquilo. Olha, vem aqui um miúdo com a Iniciativa Liberal, que não sou da Iniciativa Liberal pois não tenho nenhum partido, e manda o nosso Primeiro-Ministro para o caralho. Meteram aquilo em todo o lado. Aquilo foi um bode expiatório para se safarem da demissão do Galamba. E só tenho de agradecer ao Governo. E vão levar comigo.

Então?

Vou ajudar muita gente com a Topics. De forma branda, vou mostrar que com pouco se pode fazer muito. Vou mostrar dados e revelar que de borla conseguimos ajudar 9 mil pessoas com problemas de saúde mental. Por que é que o vosso orçamento para a saúde mental é tão nojento? Os nossos miúdos estão completamente lixados da cabeça. Na Topics não vamos ter algoritmos de viciação. A única coisa que pode ser mais viciante, de forma saudável, é que vão aprender uns com os outros.

Olhando para o futuro, o que te falta fazer é a criação de orfanatos e instituições?

Falta fazer muita. Tenho três fases de vida e ainda só fiz a primeira. Que era ter alcance para chegar a pessoas. A segunda é a aplicação de comunicação que tenho a certeza que será um sucesso mundial. Depois, e pelo meio vamos ajudar muita gente, mesmo com a Topics Foundation com campanhas semanais, é a fase dos 40/50 para me dedicar aos outros. Aquilo que deixamos no mundo são memórias e ações. O resto fica para os outros.

É nesta vertente solidária que sentes mais prazer e maior realização?

A parte de ajudar pessoas é muito importante. Isto pode soar contraditório, mas às vezes há pessoas que se ajudam para se sentirem bem com elas.

É a sensação de estares a ser ajudado quando és tu que estás a ajudar…

É isso mesmo. Há muitas formas de ajudar. Há quem o faça porque vai ficar bem aqui e ali. Há empresas que o fazem porque têm benefícios fiscais. Eu ajudo porque sei que se mais pessoas fizessem o mesmo viveríamos num País melhor. Mas não é errado ajudar porque nos sentimos bem com isso. Sinto-me bem em ajudar.

O Tiago é “um miúdo que estava a viver da música e estudava arquitetura com o sonho de ser ator”. Esta frase é de uma biografia antiga tua. Se escrevêssemos uma hoje, o que diríamos de ti: O Tiago é…

Boa pergunta. É um empresário com vários negócios e que está a criar uma aplicação que criar uma forma de comunicar que vai revolucionar Portugal e o mundo todo.

Numa foto que tens no Instagram partilhas um dream kit que tem um Mustang e uma Harley Davidson. Como será o próximo?

Já tenho. É um motorista privado. Neste momento nem tenho carro. Tenho o sonho de ter um Ferrari e sei que vou tê-lo, mas quando tive a ideia de criar a Vela, preferi usar o dinheiro para criar a empresa. E as pessoas não têm a ideia do que é ter um motorista privado.

Continuas a ouvir: “Tiago, és um maluco?”

Por acaso já não. As pessoas sabem que sou maluco, mas já me admiram mais por saberem que trabalho muito. Por ser extremamente criativo e por ter coragem de fazer coisas e de arriscar em negócios.

E qual a maior maluquice que já fizeste? É a criação da Topics?

É a que estou a fazer agora. Quem é que investe mais de meio milhão numa aplicação e mais 150 mil euros num evento com uma probabilidade pequena de sucesso? Isto é ser maluco e estúpido também. Mas se existe uma percentagem de correr bem, por que não hei-de fazer? Se as coisas não correrem bem a pessoa reinventa-se. Também fiquei nas lonas com o Covid. E agora estamos a ter esta conversa. Não tenho medo. Dá-me tesão saber que estou a fazer uma app que pode ir de frente com o Zuckerberg ou Elon Musk e ter uma proposta deles um dia e rejeitá-la.

Vais ser pai de gémeos. Os teus filhos podem mudar o teu rumo profissional?

Claro! Quando soube que ia ser pai, e de gémeos, o meu mindset foi vais ter que parar de fazer all-ins e tens de acalmar.

Se voltarmos a falar daqui a cinco anos, estaremos a falar do quê? Da proposta do Mark Zuckerberg e do Elon Musk que recusaste?

Provavelmente, vais ter que ir a Silicon Valley (EUA) para falarmos (risos). Era histórico ter uma app que começou cá e que se ramificou para o resto do mundo. É uma app para todo o mundo. Não sei se daqui a cinco anos vou estar a recusar uma proposta dessas, mas só existem duas hipóteses. Ou é um monstro, que acho que vai ser, ou um flop autêntico. Não há meio termo. Daqui a cinco anos falamos (risos).

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Carlos Mendes

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