As gravações da série sobre a vida de Tony Carreira arrancaram no passado dia 9 de abril, após vários avanços e recuos. As filmagens da história biográfica do cantor, produzida com uma parceria entre a TVI e a Prime Video, deviam ter começado em agosto do ano passado e a trama devia estrear-se em dezembro de 2023, de forma a comemorar os 35 anos de percurso profissional do artista. A sinopse da narrativa, que promete acompanhar os bastidores dos espetáculos de Tony Carreira, avança que “a história é contada através de imagens inéditas e revelações exclusivas sobre as polémicas, as desilusões, os sonhos não confessados, a relação atribulada com os media, o carinho pelos fãs e aquilo que o faz feliz”.
No passado dia 12 de abril, o artista marcou presença na Gala da Terra Quente Transmontana, um espetáculo solidário em benefício da Associação Sara Carreira realizado no Casino Estoril, e esteve à conversa com os jornalistas. Questionado sobre a série, declarou: “Como toda a gente sabe, estou ligado ao canal [TVI]. Foi um projeto proposto por eles e eu simplesmente fiz questão de que a minha vida estivesse ali. Evidentemente que ver o filme da minha vida vai ser complicado, porque é um olhar sobre nós próprios. É a mesma coisa que me perguntarem se me acho elegante. A minha resposta é não, porque sou muito duro comigo próprio. Mas achei o projeto interessante”.
O argumento foi escrito com base numa investigação conduzida pelos autores e Tony não participou no processo. Em julho de 2023, uma fonte da TVI revelou ao Jornal de Notícias que o cantor não aprovou o guião inicial e exigiu “algumas mudanças” à história. A versão final da trama já está concluída, mas o atraso no arranque provocou uma baixa de peso no elenco. Rodrigo Tomás, que iria interpretar o cantor, acabou por recusar o papel por “incompatibilidade de agenda”.

À revista TV Guia, a agência de Tomás revelou que o ator, de 28 anos, vai iniciar em breve as gravações da segunda temporada da série da Netflix Rabo de Peixe, nos Açores: “Já não é ele o Tony. Ele está com muita coisa. E, além disso, tem outro projeto, não se podia dividir mais. São coisas que acontecem”.
Carlos Félix foi o ator escolhido para substituir Rodrigo Tomás e marcou presença na gala, ao lado de Tony, que não se podia mostrar mais satisfeito pela escolha do jovem talento. “Neste momento ando com a minha sombra por aí. É um rapaz extremamente simpático e espero que faça um bom trabalho. Acredito que sim, porque estão todos muito empenhados e foi por isso que atrasou. Já era para ter começado e espero que corra bem”, disse o cantor.
Tony Carreira está ciente daquilo que pretende ver com o resultado final. “Um filme sobre a minha vida é, acima de tudo, uma mensagem de que com sonhos, com força e com trabalho as coisas acontecem. Espero, pelo menos, que quando estiver terminado veja essa mensagem. Porque quem conhece o meu percurso sabe que, se eu não tivesse sonhado tão alto, não estaria hoje aqui”, confessou.
Sabe-se ainda que Bárbara Lourenço foi a atriz escolhida para dar vida a Fernanda, que foi casada com o cantor ao longo de três décadas e com quem teve três filhos: Mickael, David e Sara, que morreu em dezembro de 2020, na sequência de um acidente de viação. Apesar de se terem divorciado em 2019, o ex-casal continua a manter uma relação próxima, tanto a nível pessoal como profissional.

“Haverá sempre uma canção para a Sara”

Promovida pela Associação de Desenvolvimento da Terra Quente Transmontana, a gala solidária foi um espetáculo em que o valor angariado pela venda dos bilhetes reverteu na totalidade a favor da Associação Sara Carreira. Como não poderia deixar de ser, contou com Tony como grande estrela da noite, que subiu ao palco para cantar alguns clássicos e brindar os presentes na gala com várias surpresas.
Momentos antes do início da cerimónia, o artista contou aos jornalistas como surgiu a iniciativa. “A ideia desta gala surge das amizades que tenho há muito tempo e de uns amigos de Trás-os-Montes. Foram eles que vieram com a ideia de promover a gastronomia transmontana através deste evento, e acho muito generoso da parte deles este gesto”, revelou o cantor. “Estamos abertos a que nos ajudem, temos humildemente de ser gratos às pessoas. Estarei sempre presente para apoiar essas iniciativas e essa generosidade. Como sou uma pessoa muito próxima das pessoas e gosto dessa proximidade, nestes anos todos ganhei amigos por muitos sítios. Ainda hoje essas amizades são muito boas para a nossa associação, porque nos permite fazer este trabalho e esta missão”, continuou.
Apesar de não ter desvendado o que era possível esperar, o cantor não tem dúvidas de que “as pessoas querem ouvir os clássicos”. “Por mais discos novos que eu grave, o interesse global é ouvir os clássicos, as canções que marcaram um tempo. As canções marcam as nossas vidas e uma canção é um reflexo de um momento, para muita gente e para mim também, e não só como cantor, como pessoa. As pessoas vêm para ouvir canções que marcam uma vida”, declarou.
Questionado sobre a possibilidade de haver alguma música em homenagem à filha, o artista nem hesitou. “Haverá sempre uma canção para a Sara. Aqui ou em qualquer lado que eu cante. É impossível não haver”, finalizou.
Texto: Luís Duarte Sousa; Fotos: Tito Calado

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