Onde está Zé Cabra 11 anos depois de Deixei Tudo Por Ela?

Zé Cabra ficou conhecido por cantar de forma desafinada. Alcançou a ribalta, caiu no desconhecido e, passados 11 anos, lança um novo disco «Dançar, curtir até cair».

Lembra-se do hit Deixei Tudo Por Ela? Foi com esta música que Zé Cabra alcançou a ribalta. O Portal de Notícias Impala esteve à conversa com o cantor, que nos revelou como foram os últimos anos afastados da fama e como perspetiva o seu regresso com o novo álbum que lançou no passado mês de janeiro. No apogeu da sua fama, Zé Cabra chegou a dar concertos para milhares de pessoas. Passados 11 anos sem gravar, o artista lança um novo disco «Dançar, curtir até cair».

Casimiro Afonso foi carpinteiro, empregado de limpeza e de restauração, mas o seu sonho era a música. Aos 34 anos, pagou 15 mil euros para lançar o primeiro disco, Deixei Tudo Por Ela. Quatro anos depois, em 2001, vieram os frutos do investimento. Um grupo de estudantes descobriu o cantor e decidiu colocar alguns dos temas na internet. Zé Cabra nunca pensou viver desta paixão, mas a internet ajudou a lançar o artista.

A partir de então, o sucesso foi de tal forma que começou a receber convites para ir à televisão. O nome Zé Cabra foi coincidência: «Um dia num espectáculo para estudantes enganaram-se e puseram no cartaz ‘Zé Afonso’ porque eu sou Casimiro Afonso e alguém riscou o ‘Afonso’ e escreveu ‘Cabra’. A partir daí ficou o ‘Zé Cabra’.»

A estrela ‘Zé Cabra’: Dos 20 mil discos em um mês a mais de três horas a dar autógrafos

Foi ao programa ‘Herman SIC’, vendeu 20 mil discos em um mês, foi prata, ouro e platina e deu concertos para milhares de pessoas. «Fui à Queima das Fitas do Porto e dei um concerto para mais de 60 mil pessoas.» Zé Cabra estava no auge da carreira. Andava sempre com seguranças nos espectáculos e diz que chegou a estar mais de três horas a dar autógrafos. «Chegava ao ponto de não conseguir agarrar na esferográfica», lembra.

Fazia, em média, dois concertos por dia e apesar de não querer revelar o valor do cachet que cobrava, diz que «deu para investir numa casa». Percorreu o país de lés a lés e foi além fronteiras: «Levei a minha música a vários países, incluindo os Estados Unidos». O último disco do artista foi gravado em 2008 e, desde então, Zé Cabra deixou de aparecer. «Não me afastei da música, apenas deixei de aparecer na televisão, mas continuei sempre ativo a dar concertos.»

«Enquanto vir o recinto cheio, não vou desistir»

O cantor dedica-se só à música que «tem dado para viver». «Nunca pensei procurar um emprego estável, porque a música preenche-me muito tempo. No inverno, às vezes tenho mais concertos que no verão. Vou à Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, França, Londres e Suíça». O artista de Macedo de Cavaleiros diz que não sabe viver sem a música e que canta por «paixão». «Não o faço por dinheiro. Não levo isto na brincadeira. Enquanto vir o recinto cheio, não desistirei.»

Hoje em dia, Zé Cabra ainda é reconhecido na rua e garante atravessar gerações. «Até os miúdos vêm ter comigo a cantar o tema ‘São Lágrimas’», afirma. O novo disco, Dançar, curtir até cair, que o cantor acaba de lançar, simboliza o regresso de Zé Cabra à ribalta, assim o espera. Tem esperança de voltar ao sucesso que teve em tempos, apesar de saber que «o publico é que faz o êxito». Em apenas uma semana, o álbum teve 10 mil visualizações.

Álbum novo, vida nova: «O Zé Cabra agora sabe cantar»

O cantor promete trazer um estilo diferente. «O Zé Cabra agora sabe cantar.» Com isto, o cantor quer dizer que já sabe as letras de cor. O canto desafinado e o facto de não saber as letras das suas músicas foram os dois fatores que o diferenciaram. Zé Cabra recorda que no primeiro concerto que deu, numa discoteca em Santo Tirso, só sabia a letra de duas canções, mas o espectáculo foi feito, «conforme o que me vinha à memória».

Zé Cabra tem três filhos e prepara-se para ser avô pela primeira vez. «Tenho um filho com 32 anos e vou ser avô brevemente. Também tenho uma filha com 19 anos a estudar dança, em Lisboa, na universidade, para ser professora de dança. E tenho um miúdo com 9 anos que já veio por azar, fora da época, mas que tem muito orgulho do pai», afirma.

Casimiro Afonso de 54 anos diz que o artista Zé Cabra é uma pessoa honesta e que gosta de pessoas sérias. Considera-se músico e entertainer e tem esperança de um dia fazer um «espetáculo grande numa sala famosa».

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Texto: Jéssica dos Santos | Fotos: Marco Fonseca

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