Oprah Winfrey: o lado obscuro da mulher que pode derrotar Donald Trump
Mentiras, processos em tribunal, biografias falsas… conheça os escândalos nos quais Oprah Winfrey, a mulher que todos querem que enfrente Donald Trump, esteve envolvida.
Foi só um discurso mais foi muito mais do que um discurso. Na madrugada de segunda-feira, Oprah Winfrey discursou nos Golden Globes e espoletou um movimento que dificilmente irá parar: a possibilidade da sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, em 2020.
Irá a apresentadora mais influente do mundo tentar derrotar Donald Trump? Enquanto Oprah se remete ao silêncio, a ala mais liberal dos EUA e figuras públicas como Meryl Streep já vieram manifestar publicamente o seu apoio à campanha «Oprah 2020».
Num exercício jornalístico, o «The Washington Post» apresentou uma lista de todos os escândalos que envolvem a apresentadora de 63 anos, que tem uma fortuna avaliada em 2,3 mil milhões de euros
Meninas sexualmente abusadas
Em 2002, Oprah patrocinou um projeto solidário na África do Sul, a Oprah Winfrey Leadership Academy for Girls. O colégio interno, criado para raparigas entre os 8 e 12 anos vindas de meios desfavorecidos, custou 33 milhões de euros e as suas instalações luxuosas foram alvo de críticas. Em 2001, uma funcionária foi acusada de abusar física e sexualmente de várias estudantes. Na altura, Oprah deslocou-se à África do Sul e a funcionária foi presa. Em 2007, alguns pais queixaram-se das regras restritas do colégio, que permitiam visitas apenas uma vez por mês e acesso limitado a telemóveis.
A medicina ‘alternativa’ de Dr. Oz
O médico Mehmet Oz, que foi lançado para o estrelato no talk show de Oprah Winfrey e que tem o seu próprio programa, é alvo de várias críticas por defender alternativas ‘naturais’ ao uso de medicamentos para combater doenças como o cancro. A apresentadora é também uma acérrima defensora do sistema de superação pessoal «O Segredo», baseado no livro escrito por Rhonda Byrne, que alega que o pensamento positivo tem poderes de cura e pode resolver problemas financeiros, emocionais e até físicos.
Em 2007, Kim Tinkham, foi convidada por Oprah Winfrey para explicar como é que, depois de ter sido diagnosticada com cancro da mama, recusou fazer tratamentos médicos, optando por seguir a filosofia de «O Segredo». Tinkham acabou por morrer três anos depois.
A doença das vacas loucas
Em 1996, num dos episódios do seu programa, o tems debatido era a denominada ‘doença das vacas loucas’. O clima de medo em relação à doença contagiosa, transmitida através de carne de bovino, dominava não só os EUA mas também a Europa. Em entrevista a um ativista, que alertava para o crescimento da doença, aconteceu este diálogo:
- Oprah – Disse que esta doença faz com que a Sida pareça uma simples constipação
Ativista – Completamente
Oprah – Isto fez com que não comesse mais hambúrgueres!
Esta simples afirmação fez com que as vendas de carne de vaca caissem abruptamente após a emissão do programa. Um grupo de criadores e vendedores do setor processou Oprah por difamação, mas a apresentadora acabou por ser absolvida.
A biografia falsa
É possivelmente a maior polémica da história dos 20 anos do «The Oprah Winfrey Show». A apresentadora promoveu, em 2005, o livro «A Million Little Pieces», de James Frey, um romance supostamente autobiográfico. Uma investigação do site The Smoking Gun revelou que os alegados factos, como a dependência de drogas e detenções, que Frey dizia ter vivido, eram falsos. Oprah convidou o escritor para o programa, num dos confrontos mais tensos da história dos talk shows. «Senti-me enganada», disse a apresentadora.
A atitude agressiva de Oprah foi também alvo de críticas e a apresentadora foi atacada por ter promovido o livro e, depois, ter julgado em praça pública James Frey. Cinco anos mais tarde, Frey e Winfrey voltaram a encontrar-se para uma entrevista mais descontraída, em que a apresentadora acabou por pedir desculpa ao escritor.
Algumas pessoas «têm de morrer»
Em 2013, aquando a promoção do filme «O Mordomo», Oprah Winfrey afirmou que as pessoas da geração em que a discriminação racioal era aceite tinham de morrer. Embora a entrevista à BBC tivesse um contexto específico – Oprah interpreta no filme a mulher do mordomo da Casa Branca – as suas declarações geraram polémica.
«Ainda existem gerações de pessoas, pessoas mais velhas, que nasceram e foram criadas no meio de preconceito e racismo. Elas têm de morrer», disse a apresentadora.
A relação com Harvey Weinstein
«Quando algo tão grave acontece, quando temos 52 mulheres a falarem publicamente, é um momento de viragem», disse recentemente Oprah Winfrey sobre o escândalo de abusos e assédio sexual que envolvem o produtor de cinema Harvey Weinstein. A apresentadora sempre manteve uma relação próxima com o produtor, um dos responsáveis do filme «O Mordomo» e, aquando o escândalo sexual que começou com Weinstein, foi acusada de não condenar imediatamente o produtor.
Oprah acabou por emitir um comunicado no qual classificou como «hediondo» o comportamento de Weinstein.
Contudo, existem vários atores e jornalistas que argumentam que o comportamento do produtor era conhecido em Hollywood e que, Oprah, tal como muitas pessoas, compactuou com esta conduta. Ironicamente, é o movimento Time’s Up, desencadeado pelo escândalo Weinstein, que conduz ao discurso dos Golden Globes da possível futura candidata à presidência dos EUA.
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