Ansiedade no regresso ao trabalho – Sintomas, causas e estratégias

O Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta, fala-nos deste mês de setembro: do regresso ao trabalho e da possível ansiedade enquanto medo funcional.

Ansiedade no regresso ao trabalho - Sintomas, causas e estratégias

O Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta, fala-nos deste mês de setembro: do regresso ao trabalho e da possível ansiedade existente. “Experimentar uma pitada de ansiedade é uma experiência intrínseca e saudável, pois a base da ansiedade é o medo funcional. O mecanismo do medo opera como um sistema de alerta do nosso organismo, indicando que algo pode não estar correto.”

• Ansiedade e o Regresso ao Trabalho:
Imaginemos a ansiedade como o barulho ensurdecedor de uma chaleira quando a água começa a ferver. Esse som estridente avisa-nos que está na hora de abrandar a temperatura, ou sejam desligar o bico do fogão. É um pouco assim que atua a nossa querida amiga ansiedade, uma característica que, segundo Freud (1926), atua como um sinal de perigo interno. Ora, o corpo é uma máquina que também se desgasta, e esta analogia da chaleira é nada mais nada menos de que um alertar de que é necessário olhar mais para nós: parar ou abrandar. Achamos que aguentamos tudo, que podemos fazer tudo, mas o corpo não aguenta e dá sinais para abrandar. Por que não respeitar os sinais do corpo? De acordo com o autor Barlow, a ansiedade é uma resposta a uma ameaça percebida, mesmo que essa ameaça seja apenas imaginada. No entanto, às vezes parece que esse alarme não quer parar de tocar. Recordamos as palavras de Epstein, que descreveu a ansiedade como uma “sensação sem objeto”. Sentimo-nos como se estivéssemos sempre à beira de um precipício, mesmo quando apenas estamos à porta do elevador no nosso prédio. Por isso, é importante perceber quando a chávena está a transbordar.

Ansiedade: Sintomas, Causas, Estratégias para o Tratamento e a Aplicação da Hipnose
• Sintomas e tipos de ansiedade
Os sintomas da ansiedade variam, mas as sensações mais comuns estão associadas à apreensão, preocupação, impotência, medo ou mesmo pânico. Estes, por sua vez, manifestam-se frequentemente através de sintomas físicos como aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, suores, tremores e sensação de fadiga.

  •  Ataques de Pânico: Estes episódios surgem repentinamente e podem ser extremamente intensos, levando a sensações semelhantes a um ataque cardíaco ou asfixia.
  • Agorafobia: Aqui, a ansiedade manifesta-se em ambientes onde o indivíduo se sente preso ou encurralado.
  • Fobias Sociais: A ansiedade ocorre em situações de exposição social ou pública.
  • Doença Obsessiva Compulsiva: Caracteriza-se pela presença de pensamentos recorrentes e um impulso quase incontrolável de repetir certos comportamentos ou rituais.
  • Stress Pós-Traumático: O indivíduo sente como se estivesse a reviver um evento traumático, o que pode desencadear respostas emocionais e físicas muito fortes.

• As causas
Em relação às causas da ansiedade, estas podem, por vezes, ser claras, mas em outros casos permanecer obscuras, o que pode intensificar ainda mais o sentimento de ansiedade. É vital, portanto, identificar os fatores desencadeadores durante a terapia. Estudos apontam para possíveis bases genéticas associadas à predisposição para a ansiedade.
Outras causas frequentes incluem experiências stressantes e a incapacidade de gerir adequadamente esse stress. O consumo de substâncias como álcool, drogas, chá, café, tabaco e até certos medicamentos também pode contribuir para episódios ansiosos.

De um modo geral, problemas e desafios do quotidiano, juntamente com conflitos internos nos planos afetivo, emocional e sexual, são frequentemente desencadeadores de ansiedade e, nos casos mais intensos, angústia.
• A Hipnoterapia e o Seu Papel no Tratamento da Ansiedade
Uma das técnicas menos convencionais, mas cada vez mais aceite no manejo da ansiedade, é a hipnose. A hipnose clínica é uma ferramenta terapêutica que facilita o acesso ao subconsciente, permitindo que o indivíduo explore e reformule experiências e crenças que podem estar na raiz da sua ansiedade.
• Vantagens da Hipnose em comparação com outras abordagens:

  1. Menos Dependência de Medicamentos: Ao contrário dos psicofármacos, que podem ter efeitos secundários e causar dependência, a hipnose não possui efeitos colaterais químicos.
  2.  Autonomia do Paciente: A hipnose capacita o paciente, fornecendo-lhe ferramentas para autoregulação e gestão dos seus sintomas.
  3. Tratamento Direcionado: Enquanto a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode exigir várias sessões para identificar e reestruturar crenças disfuncionais, a hipnose pode acelerar este processo, acedendo diretamente ao subconsciente
  4.  Flexibilidade Terapêutica: A hipnose pode ser integrada em outras abordagens terapêuticas, complementando e potenciando os seus efeitos.

Plano de Ação para Lidar com a Multitarefa e a Ansiedade Antecipatória

1. Priorização: Identifique as tarefas mais importantes e comece por elas. Reduza o número de multitarefas, concentrando-se numa de cada vez.
2. Técnicas de Relaxamento: Meditação, respiração profunda e exercícios de mindfulness podem ajudar a manter a calma e a concentração.
3. Pausas Regulares: Durante o trabalho ou estudo, faça pausas curtas para descansar a mente.
4. Estabelecer Limites: Defina limites para o uso de dispositivos eletrónicos e redes sociais. Estes frequentemente agravam a sensação de sobrecarga de informações.
5. Espaço de Trabalho Organizado: Manter um ambiente de trabalho limpo e organizado pode reduzir o stresse e melhorar a concentração.
6. Formação e Capacitação: Considere a possibilidade de receber formação em gestão de tempo e organização.
7. Terapia e Aconselhamento: Se a ansiedade persistir, considere procurar a ajuda de um profissional de saúde mental para desenvolver estratégias de enfrentamento.
8. Exercício Regular: A atividade física é uma excelente maneira de reduzir o stress e melhorar o bem-estar geral.
9. Evite Estimulantes: Reduza o consumo de cafeína, tabaco e álcool, especialmente se forem identificados como desencadeadores da sua ansiedade.
10. Estabeleça Redes de Apoio: Falar sobre as suas preocupações com amigos, familiares ou colegas pode proporcionar alívio e novas perspetivas.

Em conclusão, a ansiedade é uma condição complexa que muitos enfrentam. Reconhecer os seus sintomas e causas, e aplicar estratégias proativas – seja através de métodos convencionais ou terapias alternativas como a hipnose – é possível gerir eficazmente esta condição e melhorar significativamente a qualidade de vida. Termino com uma reflexão, evocando a sabedoria popular: “Em mente sã, corpo são”. E é sobre esse pilar que devemos construir o nosso futuro, pois são as pessoas com maior inteligência emocional que se apresentam como indivíduos mais saudáveis, felizes e produtivos. E que, como sociedade, possamos aspirar a uma verdadeira “revolução das emoções”.

Notícia www.vip.pt

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