A “magnitude” da crise alimentar “agravou-se” em Moçambique em 2023

A “magnitude” da crise alimentar “agravou-se” em 2023 em Moçambique, onde 3,3 milhões de pessoas em 72 de 156 distritos analisados “enfrentaram altos níveis de insegurança alimentar aguda”, aponta o Relatório Mundial sobre a Crise Alimentar, hoje divulgado.

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Três milhões e trezenas mil pessoas, ou 20% da população analisada em 72 dos 156 distritos de Moçambique, “enfrentaram altos níveis de insegurança alimentar aguda”, de acordo com o relatório elaborado por uma rede de 16 agências, entre as quais a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas e a União Europeia.

“A situação deteriorou-se em comparação com o período de escassez de 2022/23; a percentagem da população que enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda nos distritos classificados em ‘Crise’ (Nível 3 na classificação da FAO para a segurança alimentar (IPC, na sigla em inglês)) aumentou de 23 para 50 por cento”, sublinha o relatório.

“Dois distritos recentemente analisados em Cabo Delgado foram classificados em Emergência (IPC, Nível 4)”, acrescenta o relatório, sublinhando que 200 mil pessoas atingiram esta fase de insegurança alimentar no país em 2023.

A escassez de oportunidades de emprego em áreas afectadas por choques climáticos e conflitos reduziu o poder de compra das famílias, diminuindo o consumo. A inflação alimentar anual atingiu 18,3% em março e desceu para 3,2% no final de outubro, antes de subir novamente para 9,1% no final do ano (PAM, dezembro de 2023).

Apesar de uma redução do conflito em Cabo Delgado, ataques esporádicos perturbaram os sistemas alimentares locais na província em 2023, sobretudo a partir de dezembro, em que “a insegurança se deteriorou acentuadamente”, aponta o relatório.

Mais de 700 mil pessoas ainda estavam deslocadas em outubro de 2023, enquanto outras 600 mil tinham regressado a zonas seguras, “mas sem meios para reiniciar as suas atividades de subsistência”, refere o estudo, servindo-se dos números da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Em fevereiro de 2023, as inundações no sul de Moçambique foram seguidas de perto por duas passagens do ciclone tropical Freddy por oito províncias do país, pelo que o estudo aponta para as estimativas da FAO, segundo as quais 4% do total das terras cultivadas, em grande parte concentradas nas províncias do centro e do sul, foram afetadas pelas cheias.

“Os ventos fortes e as inundações generalizadas provocaram deslocações e danos consideráveis em infraestruturas, culturas e gado, reduzindo as reservas alimentares e o acesso a oportunidades de geração de rendimentos, especialmente na província da Zambézia”, sublinha o texto.

As passagens do Freddy aceleraram ainda a propagação do surto de cólera, que começou em setembro de 2022, mas, entre fevereiro e finais de abril de 2023, aumentou dez vezes em termos de casos, que atingiram um total de 28.000 no último mês referido.

Em 2024, o relatório prevê que a precipitação abaixo da média em novembro de 2023, as temperaturas elevadas e a probabilidade de uma estação chuvosa fraca devido ao El Niño “reduzam a produção agrícola e contribuam para o aumento dos preços dos alimentos”.

A inflação alimentar anual atingiu 18,3% em março de 2023 e desceu para 3,2% no final de outubro, antes de subir novamente para 9,1% no final do ano, de acordo com o PAM.

APL // MLL

By Impala News / Lusa

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