Casa das Histórias celebra 15 anos e revela aquisição de “Rei Canuto” de Paula Rego

A Casa das Histórias Paula Rego, museu monográfico dedicado à artista portuguesa, celebra quinta-feira 15 anos com uma grande exposição baseada na própria coleção, e vai revelar a pintura “Rei Canuto” (1977), nova aquisição da pintora.

Casa das Histórias celebra 15 anos e revela aquisição de

“A Coleção da Casa das Histórias Paula Rego em diálogo” dá título à mostra — a mais abrangente de sempre, segundo a entidade – reunindo uma centena de obras, incluindo peças inéditas, para homenagear Paula Rego (1935-2022), numa iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais.

Contactado pela agência Lusa sobre a nova aquisição de uma obra de Paula Rego pela autarquia para a coleção da Casa das Histórias, o presidente da Fundação D. Luís, Salvato Teles de Menezes, indicou que “foi comprada por 262.500 euros a uma colecionadora estrangeira residente em Portugal”.

A colecionadora privada, que pediu anonimato, “manifestou interesse em vender a obra à Câmara de Cascais para que pudesse ficar na Coleção Paula Rego, guardada na Casa das Histórias”, acrescentou o responsável à Lusa sobre a peça adquirida no ano passado.

Em 2022, a Câmara de Cascais adquiriu à família de Paula Rego, após negociações, a pintura “The Exile” (1963) e recebeu em doação as obras “Day” e “Night” (1954), na mesma altura.

Nesse ano, a proposta da aquisição de “The Exile” (“O Exílio”) à família da pintora — por 240 mil euros — foi apresentada pelo presidente da autarquia, Carlos Carreiras, em reunião de câmara e aprovada por unanimidade.

Atualmente, segundo a mesma fonte, a Coleção da Casa das Histórias Paula Rego – propriedade da Câmara de Cascais – é composta para 596 obras, entre desenho, pintura, escultura, têxtil, gravura.

Com curadoria de Catarina Alfaro, a nova exposição estará patente durante um ano, para “permitir uma aproximação e apreciação detalhada de seis décadas de criação da artista”.

A exposição distribui 101 obras por seis secções temáticas que seguem o percurso artístico da criadora, abordando a evolução técnica e estilística das suas obras, a construção das personagens femininas e as relações entre o seu trabalho e outras manifestações artísticas como o teatro e o cinema.

Entre outras criações em exposição, poderão ser vistas “A noiva do corvo” (1975), guache sobre papel, obra nunca exibida e que pertence à série de ilustrações de contos tradicionais portugueses, e um “Autorretrato com as netas” (2001–2002), da série “Jane Eyre”, litografia colorida à mão.

Também estarão expostos os retratos de Paula Rego pelo fotógrafo Nicholas Sinclair, doados ao museu, agora apresentados pela primeira vez, segundo a Fundação D. Luís.

Peças de instituições parceiras, como a Fundação Arpad Szenes — Vieira da Silva, a Fundação Millennium BCP e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, completam a exposição para “ampliar a compreensão sobre o impacto de Rego na arte contemporânea”.

O museu foi inaugurado em 2009 num edifício projetado pelo arquiteto Eduardo Souto de Moura – vencedor do Prémio Cecil de Arquitetura 2010 – e desde essa data apresenta uma programação dedicada à obra da artista, promovendo o estudo e divulgação da obra.

A celebração dos 15 anos incluirá ainda a 4.ª edição da “Oficina de Gravura” com o objetivo de promover a prática do desenho no museu em todas as idades, como desejado por Paula Rego, nascida em Lisboa, a 26 de janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal.

Com 17 anos e um talento para o desenho reconhecido pelos professores da St. Julian’s School, em Carcavelos, Paula Rego partiu para a capital britânica para estudar na Slade School of Fine Art, onde conviveu com vários artistas que viriam também a destacar-se, incluindo o marido, Victor Willing (1928-1988).

Na sua obra, Paula Rego aborda temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, a violência doméstica, entre outros do universo feminino.

O seu trabalho foi influenciado pelos contos populares e pela literatura, nomeadamente a escrita de Eça de Queirós, que a levou a pintar quadros inspirados em livros como “A Relíquia” e “O Primo Basílio”.

AG // TDI

By Impala News / Lusa

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