Castigos físicos nas escolas em Timor-Leste continuam a acontecer

O provedor dos Direitos Humanos e da Justiça de Timor-Leste afirmou hoje que os castigos físicos nas escolas do país estão proibidos, mas continuam a acontecer e há uma “necessidade urgente” de mudar mentalidades.

Castigos físicos nas escolas em Timor-Leste continuam a acontecer

“O Ministério da Educação, há cinco anos, emitiu uma circular para todas as escolas a proibir os castigos físicos aos estudantes, mas, mesmo assim, esses castigos continuam a acontecer”, afirmou Virgílio Guterres, que falava à Lusa por ocasião do Dia Internacional da Não Violência e da Paz.

Segundo o provedor dos Direitos Humanos timorense, os seus filhos na escola “testemunham muitas vezes como os professores dão os castigos aos alunos”.

“Por exemplo, ajoelharem-se à porta, dar continência à bandeira, estender-se ao sol, cortam os cabelos dos meninos com tesouras. Ainda existe isto. É importante continuar a promover e a prevenir e a proibir totalmente os castigos físicos dos pais e professores às crianças”, afirmou Virgílio Guterres.

Para o defensor dos direitos humanos e da Justiça do país, Timor-Leste ainda tem um “trabalho longo pela frente, um grande desafio”, sublinhando que a violência física ainda é entendida como uma “necessidade para orientar e formar” as crianças.

Virgílio Guterres defendeu que é preciso ajudar as famílias a adaptar medidas mais pedagógicas para educar os filhos e aos professores formação em psicologia para “compreenderem e acompanharem os miúdos”.

“Os nossos educadores, muitos, são do tempo passado, da Indonésia e do tempo português e aqueles regimes ainda toleravam o uso da violência. Há uma necessidade urgente de transformar essa mentalidade. É preciso dizer que era admissível naquele tempo, mas agora já não”, afirmou.

Estudos de organizações não-governamentais referem que mais de 70% dos alunos já testemunharam violência física na escola, que é também comum nas suas casas, nomeadamente estalos, pontapés, beliscões e puxões de cabelos.

Em 2018, o Fundo das Nações Unidas para a Infância capacitou mais de 1.400 professores do ensino básico de Timor-Leste sobre a importância de acabar com a punição corporal.

Uma pesquisa realizada em 2015, demonstrou que sete em cada 10 crianças relataram ter sofrido violência física dos professores e que pelo menos oito em cada dez professores declararam aceitável bater numa criança em certas circunstâncias.

MSE // JMC

By Impala News / Lusa

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