Cerca de 650 mil crianças em risco devido ao ciclone Chido em Moçambique

Cerca de 650 mil crianças estão em risco face aos impactos do ciclone Chido no norte de Moçambique, alertou hoje a Organização Não-Governamental (ONG) Save The Children, avançando que decorrem ações de ajuda.

Cerca de 650 mil crianças em risco devido ao ciclone Chido em Moçambique

“O ciclone Chido é uma catástrofe para as crianças no norte de Moçambique. Elas correm o risco de perder as suas casas, serem separadas das suas famílias e ver o acesso à água, saneamento, cuidados de saúde e educação extremamente limitado”, disse Ilaria Manunza, diretora da Save The Children em Moçambique, citada num comunicado da organização.

A responsável avançou que a Save The Children preparou equipas e recursos para apoiar os mais afetados pela intempérie, como parte de uma “resposta urgente e multidimensional”, fazendo também menção à vulnerabilidade das comunidades expostas ao Chido.

“Esta tempestade é mais um exemplo de condições climáticas extremas a devastarem uma comunidade já vulnerável, dilacerada pelo conflito e mergulhada na pobreza”, acrescentou Ilaria Manunza.

Segundo a ONG, estão presentes equipas de organização na maioria das áreas mais atingidas pelo ciclone, que deverão apoiar o estabelecimento de sistemas e serviços de proteção às crianças, além de apoiar a reabilitação de escolas destruídas.

“A Save the Children está a preparar-se para apoiar as comunidades afetadas com kits de sobrevivência e outros artigos essenciais, em coordenação com outras agências”, lê-se ainda no comunicado, que alerta também para dificuldades de assistência a Cabo Delgado, devido à presença de grupos armados que protagonizam ataques na região desde 2017.

Pelo menos quatro pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas na sequência da passagem do ciclone Chido nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, anunciaram organizações no terreno.

O ciclone, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo, segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE).

O mesmo serviço indicou que o ciclone enfraqueceu para tempestade tropical severa, mas que continua a fustigar aquelas duas províncias do norte, com “chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes”.

“Este cenário apresenta elevado risco de inundações urbanas e erosão nas cidades de Pemba, Nacala e Lichinga, assim como em áreas baixas e ribeirinhas das bacias dos rios Muaguide, Megaruma, Lúrio”, refere a informação do CNOE, consultada pela Lusa.

Cerca de 200 mil clientes ficaram sem eletricidade em Nampula e Cabo Delgado devido aos efeitos da passagem do Chido, divulgou, no domingo, a Eletricidade de Moçambique (EDM) e pelo menos três voos com destino à região norte foram, no mesmo dia, cancelados pela companhia aérea Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).

As autoridades moçambicanas já tinham admitido na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam ser afetadas pelo ciclone nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte, e na Zambézia e Tete, no centro.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.

LN (PVJ/RYCE) // VM

By Impala News / Lusa

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