Desconfinamento. À porta da escola fica a ansiedade e a promessa de uma retoma que será sem pressas

À porta da Escola Básica Joaquim Nicolau de Almeida, em Vila Nova de Gaia, deixa-se ficar a ansiedade associada ao ensino à distância e lá dentro prepara-se uma retoma das aprendizagens que será sem pressas.

Desconfinamento. À porta da escola fica a ansiedade e a promessa de uma retoma que será sem pressas

À porta da Escola Básica Joaquim Nicolau de Almeida, em Vila Nova de Gaia, deixa-se ficar a ansiedade associada ao ensino à distância e lá dentro prepara-se uma retoma das aprendizagens que será sem pressas.

Às 08:40 vários eram os pais que, segurando nas mochilas, se iam despedindo e deixando os filhos à porta da escola do Agrupamento de Escolas Soares dos Reis.

“Bom dia, meu amor”, dizia uma das auxiliares da escola que, à medida que dava as boas-vindas, desinfetava as mãos às crianças do 1º ciclo.

De máscaras e mãos desinfetadas, os alunos iam entrando na escola como se este fosse, novamente, o primeiro dia de aulas.

Aqui já não regressavam desde 22 de janeiro e era grande a ânsia de que este dia chegasse o quanto antes, especialmente para os pais que se viram obrigados a conciliar o trabalho com as aulas à distância.

Ensino presencial e a convivência fazem falta às crianças

“É muito complicado ter os miúdos em casa com aulas ‘online'”, admitiu, à Lusa, Manuela Gomes, acrescentando que, apesar disso, o seu filho “não retrocedeu” em termos de aprendizagens.

Já Renato Pedroso gostou de ter os filhos em casa, mas afirmou que o acompanhamento à distância “é sempre diferente”.

“Aquilo que senti mais foi o acompanhamento direto do professor que, apesar de estar sempre disponível no ‘teams’, é sempre diferente.”, salientou.

Também Paulo Andrade esperava por este dia, pois em casa foram “dias difíceis”, especialmente, pela falta que os colegas fizeram ao filho.

Ao toque de entrada, as ansiedades e dificuldades dos alunos, pais e professores ficaram para trás.

“É um misto de emoções”, afirmou Sara Cardoso à Lusa, depois de deixar a sua filha.

Se, por um lado, receia que as medidas de desconfinamento “não sejam respeitadas e que a situação se complique novamente”, por outro, sabe que o ensino presencial e a convivência fazem “muita falta” às crianças.

“Esta pandemia apanhou o 1.º e 2.º ano da minha filha, apanhou o início do percurso escolar dela com as aprendizagens fundamentais e base de todo o percurso. Tenho algum receio que algumas aprendizagens não fiquem consolidadas como deveriam”, afirmou.

Esta é também uma preocupação partilhada por Cecília Ferreira, professora do 1.º ano, que não esconde a alegria de regressar novamente à escola.

“Temos de fazer uma pausa para ver como estão as aprendizagens, sem pressas porque neste momento não há que ter pressa. Se aquilo que lhes tentamos ensinar à distância está assimilado. Agora, é ir muito devagarinho estes 15 dias e, depois da Páscoa, partir para um desafio maior”, afirmou.

Com a promessa de que a retoma se fará “sem pressas”, na sala de aula do 1.º ano trabalha-se num projeto iniciado em casa: “o que eu vejo da minha janela”.

“Este projeto era sobretudo sobre os sentidos que depois levava para o ruído, poluição, desenho, arte e recortes. Nestes 15 dias vamos fazer uma maquete da cidade e daquilo que eles viam da janela”, esclareceu.

Além da consolidação de aprendizagem, Cecília Ferreira teme como será a adaptação das crianças à escola, depois de quase dois meses “isoladas” em casa.

“Em setembro foi um bocadinho difícil a adaptação de uma ou outra criança. Eles agora em sala de aula estão muito bem, vamos ver no espaço exterior como estarão”, salientou.

A retoma dos 550 alunos das três escolas de 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas Soares dos Reis está a ser “muito positiva e a correr muito bem”, assegurou a diretora Manuela Machado.

“O regresso presencial era o que todos queríamos”, afirmou, salientando que os pais estão “também muito felizes” com a retoma.

Se para trás ficam obstáculos associados ao ensino ‘online’, nos próximos dias avizinha-se o início do processo de testagem aos 34 professores do agrupamento, bem como auxiliares.

“É uma mais-valia. O ideal seria os alunos serem testados porque dentro da escola está tudo controlado, agora fora da escola nós não temos esse conhecimento”, afirmou a diretora.

 

 

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