Espanha/Cheias: Felipe VI pede união aos governos para garantia de ajuda a populações
“Não é fácil que chegue a ajuda, há muitas formalidades e controlos a cumprir. Mas é importante que funcionem e que todas as administrações trabalhem em conjunto. Temos de continuar com o apoio. As pessoas pedem-nos que não as esqueçamos. Nós continuaremos a vir”, disse o chefe de Estado de Espanha, em declarações a jornalistas em Utiel, uma localidade da região de Valência, a mais afetada pelas cheias, que causaram 227 mortos.
Além de Utiel, Felipe VI e a rainha espanhola, Letizia, visitaram hoje Chiva, também na Comunidade Valenciana, e Letur, na vizinha região de Castela La Mancha.
Os monarcas foram hoje recebidos com aplausos e vivas nas localidades por onde passaram, depois de em 03 de novembro terem ouvido insultos e gritos de “assassinos” e de terem sido atingidos por lama lançada pelas populações em Paiporta, em Valência, num episódio considerado inédito nos últimos 40 anos, desde que acabou a ditadura e foi reinstaurada a monarquia em Espanha.
Nesse dia, Felipe VI e Letizia chegaram a Paiporta acompanhados pelo primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, e pelo presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, que tem sido o principal alvo de queixas e críticas por parte das populações por causa da gestão das inundações.
Perante os insultos e tentativas de agressão, Sánchez e Mazón foram retirados das ruas de Paiporta em 03 de novembro, mas Felipe VI e Letizia prosseguiram a visita e acabaram por falar com as populações e por abraçar diversas pessoas.
Os reis voltaram hoje à zona das inundações acompanhados, em Xiva e Utiel, pelo ministro de Política Territorial, Ángel Victor Torres, e por Carlos Mazón, que ouviu de novo insultos e pedidos para se demitir, mas isolados, segundo os relatos dos meios de comunicação social no local.
Felipe VI disse hoje que a situação no terreno “já mudou muito” desde os primeiros dias, mas a recuperação “vai demorar muito tempo” e “é preciso manter a ajuda e o apoio”, assim como a proximidade e a atenção às populações.
O Rei pediu para todas as administrações trabalharem em conjunto, insistindo que será “algo que as pessoas vão agradecer quando sentirem que o Estado está presente”.
“Uma das coisas que [as pessoas] mais repetem ou que mais lembram é que não os esqueçamos. As notícias evoluem depressa, mas é preciso manter a atenção a todas estas populações tão duramente afetadas”, afirmou.
Nas visitas às três localidades, os monarcas falaram com habitantes, militares, polícias, voluntários e autoridades locais e prometeram que voltarão a visitar com regularidade as zonas afetadas pelas inundações.
As inundações de 29 de outubro têm gerado críticas e trocas de acusações entre o Governo central de Espanha, liderado pelos socialistas, e o governo regional da Comunidade Valenciana, presidido pelo Partido Popular (PP, direita).
Na origem das acusações estão as queixas das populações por causa do alerta tardio em relação ao temporal que desencadeou as enxurradas e, depois, também pelas falhas e demora na assistência aos afetados pelas inundações.
As inundações causaram pelo menos 227 mortos, 219 dos quais na região de Valência.
MP // SCA
By Impala News / Lusa
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