Estudo revela que variações na abundância de sardinha afetam baleia anã

Um estudo hoje divulgado pela Universidade de Aveiro (UA) revelou uma alteração na dieta da baleia-anã, nas águas atlânticas da Península Ibérica, atribuída a variações na abundância de sardinha.

Estudo revela que variações na abundância de sardinha afetam baleia anã

“O estudo, que analisou a dieta desta espécie de cetáceo entre 2005 e 2024, demonstrou que, durante o período de escassez de sardinha (2005-2015), resultante da pesca excessiva, a baleia-anã diversificou a sua alimentação, incluindo espécies como carapau e cavala”, explica uma nota de imprensa.

No entanto, acrescenta, “com a recuperação do stock de sardinha (2016-2024), essa espécie tornou-se a principal fonte de alimento para as baleias”.

Sílvia Monteiro, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do ECOMARE da UA, realça o impacto positivo das medidas de gestão da pesca na recuperação dos stocks de sardinha.

Aquela investigadora alerta também para a vulnerabilidade da baleia-anã, “uma espécie com elevado custo metabólico e dependente de presas com alto valor nutricional”.

“A diminuição da disponibilidade destas presas pode comprometer a sua condição física e a resiliência da população, atualmente classificada como ‘Vulnerável’ na Península Ibérica”, adverte.

O estudo da UA evidencia ainda “uma potencial sobreposição entre os recursos explorados pela pesca comercial e a alimentação da baleia-anã, o que pode representar um risco de impacto negativo, especialmente em situações de diminuição dos stocks de peixe e alta pressão pesqueira”. Nestes casos, a pesca pode ameaçar diretamente as baleias, através da captura acidental, ou indiretamente, pela sobre exploração das suas presas.

Os investigadores defendem a necessidade de reforçar a monitorização dos stocks de peixe e de implementar medidas para reduzir a captura acidental de cetáceos.

Sílvia Monteiro destaca ainda o papel ecológico das baleias-anãs “no sequestro de carbono e na produtividade marinha”, salientando a importância da sua conservação “para a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e a resiliência climática”.

O estudo foi realizado em colaboração com investigadores do Centro Oceanográfico de Vigo (COV, IEO-CSIC), do Instituto de Investigacións Mariñas (IIM-CSIC) e das redes de arrojamento de Portugal e da Galiza.

MSO//LIL

By Impala News / Lusa

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