Greenpeace pede ratificação do Tratado do Alto-Mar no regresso a Portugal
A organização ambientalista internacional Greenpeace apelou hoje ao Governo português para que ratifique rapidamente o chamado “Tratado do Alto-Mar”, no dia em que anunciou formalmente a abertura da sua representação permanente em Lisboa.
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A organização já teve escritório em Portugal há mais de uma década e regressa agora dedicando a presença aos que lutam por um mundo melhor, como explicou numa conferência de imprensa de apresentação o diretor da Greenpeace Portugal, Toni Roseiro.
Em entrevista à agência Lusa, o responsável explicou que a organização vai focar as campanhas principalmente em três questões: a emergência climática, a proteção da biodiversidade e a alteração do modelo socioeconómico, já a pensar na próxima reunião da ONU sobre o clima, a chamada COP30, prevista para novembro em Belém, no Brasil.
Toni Roseiro disse também que, numa auscultação que a organização fez, o problema dos incêndios florestais foi o que mais se destacou a nível da emergência climática, e acrescentou que a Greenpeace Portugal com a congénere de Espanha irá fazer um estudo sobre os incêndios, nomeadamente os transfronteiriços.
Na mesma auscultação a nível da proteção da biodiversidade, o destaque foi para a proteção dos oceanos.
“Por essa razão hoje vamos pedir ao Governo português a ratificação urgente do Tratado de Alto-Mar”, disse.
O tratado, assinado por Portugal, mas ainda não ratificado, foi aprovado em março de 2023 e adotado na ONU em junho do mesmo ano, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, e destina-se a promover a conservação e utilização sustentável da biodiversidade marinha em áreas que não pertencem a uma jurisdição nacional.
Trata-se uma área que representa dois terços da superfície dos oceanos.
O diretor nacional da Greenpeace, uma organização associada ao mar por ter vários navios e promover campanhas de investigação e proteção do mar, considerou um “bom sinal” Portugal ter aprovado uma moratória até 2050 de mineração em mar profundo.
Mas acrescentou que a organização de defesa do ambiente quer fazer pressão para que o país seja “um pouco mais ambicioso” e ratifique rapidamente o Tratado do Alto-Mar.
A par dos dois temas em destaque, a Greenpeace quer trabalhar na mudança do modelo socioeconómico: “Cremos que é tempo de promover uma mudança radical e de pôr no centro de tudo as pessoas e a vida e a proteção do ambiente, e não o dinheiro”.
Toni Roseiro falava a bordo do “Artic Sunrise”, um dos navios icónicos da organização, que no passado foi um navio de caça à foca e que chegou a ser alvo de ações dos ambientalistas da Greenpeace.
A organização acabou depois por comprá-lo para o transformar num símbolo de defesa do ambiente e um navio dedicado a campanhas de investigação e de sensibilização.
Na conferência de imprensa, o capitão do navio, Mike Fincken, recordou a história do “Artic Sunrise”, e recordou também um outro navio, o “Rainbow Warrior”, alvo de um atentado há 40 anos no qual morreu Fernando Pereira, um fotógrafo português.
Jo Dufay, presidente do conselho da Greenpeace Internacional, também presente, falou do grande impacto que as alterações climáticas têm no país e falou da necessidade de medidas e ações que “salvem o planeta”.
Toni Roseiro, que já tinha recordado também Fernando Pereira, disse que na COP30 a Greenpeace vai pedir às industrias fóssil e agroalimentar que paguem o mal que fazem ao planeta.
O responsável salientou também que a organização está aberta a voluntários que se queiram juntar.
Rose Vilela, 38 anos, há sete anos um dos 19 tripulantes do quebra-gelo “Artic Sunrise”, começou assim como voluntária, depois de outros sete anos a trabalhar numa empresa e a ser “uma pessoa deprimida”.
“Queria que o meu trabalho fizesse um pouco mais de sentido”, justificou quando mostrou o navio, atracado em Lisboa.
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, estará hoje à tarde no navio.
FP // FPA
By Impala News / Lusa
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