Ilhas Selvagens acolhem a maior colónia de cagarras do Atlântico

As Selvagens, no arquipélago da Madeira, acolhem a maior colónia de cagarras do Atlântico, com cerca de 39.000 casais numa única ilha, revela um estudo coordenado por investigadores portugueses, indicando que a taxa anual de crescimento é de 1.45%.

Ilhas Selvagens acolhem a maior colónia de cagarras do Atlântico

“É interessante notar que o número de ninhos aumentou mais rapidamente em áreas onde tem havido uma expansão da cobertura de arbustos, debaixo dos quais as cagarras podem nidificar, o que resulta da recuperação da vegetação na Selvagem Grande, na sequência da erradicação de coelhos e ratinhos em 2002”, adianta Paulo Catry.

O investigador do MARE — Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, do Ispa — Instituto Universitário, é um dos coordenadores do estudo, juntamente com José Pedro Granadeiro, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O estudo, publicado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em 20 de janeiro, revela que a população de cagarras (Calonectris borealis) nas Selvagens cresceu a uma taxa anual de 1.45% desde 2009.

De acordo com os investigadores, as cagarras, como a generalidade das aves pelágicas, sofrem várias ameaças, destacando-se a captura acidental em artes de pesca, a colisão com fontes de poluição luminosa, os predadores introduzidos em ilhas, a poluição marinha, sobretudo por plásticos, e a diminuição da produtividade dos oceanos ligada às alterações climáticas.

No entanto, apesar das ameaças, “o crescimento desta importante população de cagarras revela que os esforços de conservação desenvolvidos, nomeadamente a proteção integral das Selvagens e a sua gestão pelo Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza da Madeira, têm tido impactos muito positivos”, sublinha Paulo Catry.

As Selvagens, um subarquipélago da Madeira localizado a cerca de 300 quilómetros a sul do Funchal, composto por duas ilhas principais e várias ilhotas, constituem o território mais a sul de Portugal, tendo sido classificadas como reserva natural em 1971.

Em março de 2022, a reserva foi ampliada de 92 para 2.677 quilómetros quadrados, numa área de 12 milhas náuticas em redor das ilhas, na qual é proibida a pesca e qualquer outra atividade extrativa, passando a ser a maior área marinha com proteção integral do Atlântico Norte.

Entretanto, em julho de 2024, a Secretaria Regional de Agricultura, Pescas e Ambiente revelou ter autorizado temporariamente a captura de peixe gaiado na reserva para efeitos de investigação e monitorização da espécie.

DC // MCL

By Impala News / Lusa

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