Lenda do “Sétimo Sol” num espetáculo do Alafia Ensemble com música de Vasco Negreiros
Música de Vasco Negreiros, um filme de animação de Beatriz Bagulho e um conto indiano sobre o nascer do sol dão corpo ao concerto do Alafia Ensemble, no próximo domingo, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

“O Sétimo Sol”, com narração do ator F. Pedro Oliveira, que inclui oficinas de ilustração e uma conversa, está pensado para o público mais novo. Mas é um espetáculo para todas as idades, sobre o modo de “cuidar do planeta terra”, que vai ocupar o pequeno auditório do CCB e o seu grande ecrã.
O concerto nasceu de uma confluência de acasos e vontades. No ponto de partida, o compositor Vasco Negreiros, que lera “O Sétimo Sol” num livro de aprendizagem da língua hindi e ficara com vontade de compor sobre a história. Depois, o ensemble Alafia, da Alemanha, encomendou-lhe uma peça para apresentar ao vivo. Por fim, Negreiros descobriu pequenos filmes de animação de Beatriz Bagulho, num estilo que achou indicado para a narrativa, como explica no vídeo disponível no ‘site’ do CCB.
O resultado traduz-se no espetáculo a apresentar no CCB e também num livro, traduzido pelo compositor, com texto bilingue, ilustrações de Bagulho e um ‘suplemento’ áudio, que permite olhar para a história, ouvir a música ou o texto, ou “fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, numa outra perspetiva além do espetáculo, segundo o compositor.
Como explica Beatriz Bagulho na apresentação, “‘O Sétimo Sol’ é um concerto que nasce de uma lenda, cresce a várias mãos e da vontade de partilhar uma história que nos ensina a cuidar do planeta.”
Tudo começa “há muito, muito tempo”, quando no céu havia sete sóis e acabou por ficar um só, conforme a lenda do povo Munda, “que vive longe das cidades, no sul e no leste da Índia, e em países vizinhos como Bangladesh, Butão e Nepal”.
E a lenda, segundo a apresentação da obra, revela-se “uma luminosa alegoria sobre a relação com o ambiente, a total sujeição da humanidade à natureza, até ao seu excessivo domínio sobre ela e, finalmente, ao equilíbrio”.
Vasco Negreiros pensou numa composição a que o público mais novo fosse sensível, com “a música baseada na narrativa”, algo que preocupou igualmente Beatriz Bagulho: “Criar um imaginário” que transporte o espectador para o que está a acontecer em palco e, no livro, “pensar como o leitor vai passando as páginas, vendo as imagens”, e como estas “podem acrescentar algo à história”, sem limitar o universo imaginado por quem lê.
Os instrumentos do Alafia Ensemble – flauta, clarinete, violino, bandolim, violoncelo e piano – representam a paisagem, as vozes de pessoas e de animais, até ao canto final que leva ao nascer do sol e tudo resolve.
Em palco, música e imagens serão acompanhadas pela narração de F. Pedro Oliveira; no livro, a função cabe a Joana Manuel. Num e no outro, a história acaba da mesma maneira: “Desde então, de manhãzinha […], o sol sobe ao céu e a todos ilumina.”
Vasco Negreiros, professor na Universidade de Aveiro, estudou composição, viola de arco, piano e direção no Rio de Janeiro, Brasil, onde completou os cursos de Análise, Teoria e Direção Coral. Diplomou-se em Regência na Alemanha. Em Aveiro, dirige o Vocal Ensemble, dedicado à música antiga. Do seu doutoramento, sob orientação de Owen Rees (Oxford), resultou a edição do Livro de Motetes, de Frei Manuel Cardoso, pela Imprensa Nacional. Entre outras obras, compôs para crianças a ópera “Palavras na Barriga”, a suite “Trava Lengas e Lenga Línguas” e a peça “Amen”.
O Alafia Ensemble, baseado em Colónia, na Alemanha, foi fundado em 2020 e é constituído por Leonardo Pedroza (flauta), Marina Eichberg (violino), Iain Lennon (bandolim), Paula Sagastibelza (violoncelo), Lucas Huber Sierra (piano, no CCB) e Nikola Janjic (clarinete). Na edição em livro, a parte de piano é interpretada por Olga Riazantceva-Schwarz.
O espetáculo realiza-se no pequeno auditório do CCB, no domingo, 04 de maio, às 16:00, e na terça-feira 06, às 11:00, para escolas, sendo seguido de uma conversa e da apresentação do livro, editado pela Boca e a plataforma MPMP – Património Musical Vivo.
Beatriz Bagulho orientará oficinas de ilustração na quinta e na sexta-feira, 08 e 09 maio, para escolas, e no sábado, dia 10, para famílias.
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By Impala News / Lusa
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