Líder de CERN adverte que Europa pode ser ultrapassada pela China na ciência
A líder do maior laboratório de física europeu afirmou hoje que o projeto do maior colisor de partículas está “no bom caminho”, mas alertou que a Europa pode ser ultrapassada pela China caso o financiamento não seja aprovado.

Caso o projeto do Futuro Colisor de Partículas (FCC) não se concretize, “existe um risco real de a Europa perder a liderança na ciência, em particular na física de partículas de alta energia e nas tecnologias que lhe estão associadas, o que seria uma pena”, salientou Fabiola Gianotti, dirigente da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN).
O projeto está bem encaminhado” e “até agora não foi encontrado nenhum obstáculo técnico”, disse a diretora-geral do CERN, que agrupa 23 países europeus e Israel, por ocasião da publicação do relatório de viabilidade do FCC.
Cem cenários diferntes foram desenvolvidos e analisados antes de ser escolhido o local de escavação: um anel com 90,7 quilómetros de circunferência, a uma profundidade média de 200 metros, com oito locais à superfície, dos quais sete em França e um na Suíça, indicou o CERN, em comunicado.
O custo da construção do colisor eletrão-pósitron — a primeira fase do projeto, que inclui o túnel e todas as infraestruturas -, está estimado em mais de 15 mil milhões de euros.
O FCC deverá entrar em funcionamento na década de 2040.
“Para fazer grandes progressos na compreensão da origem do universo e do papel desempenhado pelo bosão de Higgs nos primeiros instantes, a comunidade científica mundial precisa de uma máquina tão potente e rica em possibilidades como o FCC”, declarou Catherine Biscarat da Universidade de Toulouse.
Jean-Paul Burnet, responsável pela infraestrutura técnica da FCC, afirmou que o projeto foi “melhorado para reduzir o impacto ambiental”, nomeadamente através da redução do número de locais de superfície de 12 para oito.
A decisão dos países-membros – habitualmente tomada por consenso – deverá ser tomada aproximadamente em 2028.
A Alemanha, o maior contribuinte para o orçamento do CERN, manifestou reservas quanto ao financiamento do projeto no ano passado.
A associação ambientalista Noé21 denunciou o projeto, num relatório, “por ser desproporcionado”, criticando o “elevado consumo de eletricidade”, o impacto ambiental e o custo, bem como a dimensão do local e resíduos.
“Não temos nada contra o CERN. Eles têm máquinas extraordinárias, mas não podemos dar-nos ao luxo de fazer tudo”, disse Jean-Bernard Billeter, engenheiro e autor do relatório.
O coletivo franco-suíço CO-CERNés, cujos membros incluem o World Wide Fund for Nature (WWF) e o Greenpeace, lançou uma petição contra “este projeto gigantesco” para denunciar os efeitos no ambiente, nos orçamentos e nas zonas locais.
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By Impala News / Lusa
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