Líder do PCP desafia ministra da Saúde a tirar conclusões do relatório da IGAS
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, desafiou hoje a ministra da Saúde a cumprir “aquilo que disse” quando, em novembro, afirmou que iria assumir a responsabilidade pelas consequências dos atrasos no atendimento de chamadas do INEM.
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“O que a ministra afirmou, no princípio de todo este processo, era que tiraria todas as conclusões que decorressem deste inquérito. E, portanto, não quero crer que a ministra, em função daquilo que disse, não cumpra agora com aquilo que disse”, argumentou Paulo Raimundo.
Em declarações aos jornalistas, em Évora, no final da apresentação pública do candidato da CDU à câmara deste concelho alentejano nas eleições autárquicas deste ano, João Oliveira, o líder comunista reagia o relatório preliminar da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que analisou o impacto das greves dos técnicos de emergência em 2024.
Esta inspeção concluiu que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ficou impedido de definir os serviços mínimos por não ter recebido atempadamente do Ministério da Saúde, tutelado pela ministra Ana Paula Martins, os pré-avisos dos sindicatos.
Paulo Raimundo afirmou hoje que, perante este relatório que ainda é preliminar, só lhe cabe “recuar ao tempo em que a ministra disse que ia assumir todas as responsabilidades”.
“Há relatório, preliminar, daquilo que percebi, e portanto não quero conceber a possibilidade de a ministra, em função daquilo que disse, não tomar agora todas as consequências que decorrem daí”, insistiu.
Mas, acrescentou, esta situação pode ser mais alargada: “Podemos juntar a ministra e o primeiro-ministro e o Governo no seu total têm a responsabilidade, não vale a pena matar o mensageiro”.
Questionado sobre o facto de a ministra da Saúde hoje ter já rejeitado retirar ilações políticas deste relatório da IGAS, reconhecendo apenas a necessidade de alterar procedimentos de comunicação no seu ministério, o líder do PCP argumentou que o problema não é comunicacional.
“O que a ministra precisa de fazer não é alterar procedimentos de comunicação no ministério. O que precisa de fazer é de construir o [novo] hospital” de Évora, e “não é para 2027, é agora que é preciso, e de pôr mais médicos, mais técnicos, mais enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde”.
Paria Paulo Raimundo, esse “é que é o grande problema deste Governo, não é um problema de comunicação. É um problema de execução de uma política errada”.
E o líder comunista até lembrou que não costuma “pedir cabeças de ministros”, porque considera que “isso não resolve nenhum problema”.
“Mudando um ministro, se a política se mantiver, qual é a consequência disso? Nada. É só para o novo ministro ou nova ministra – o novo ministro, no fundo é isso que está na calha – ganhar mais uns meses de inserção e por aí fora”, ironizou.
Durante o seu discurso na sessão, Paulo Raimundo já tinha abordado a questão da construção do Novo Hospital Central do Alentejo (NHCA), em Évora, cujas divergências como Governo foram invocadas pelo Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC) para justificar o pedido de demissão apresentado, na quarta-feira, ao Governo.
O PCP entregou hoje no parlamento um requerimento para ouvir a ministra da Saúde “sobre estes atrasos incompreensíveis” ligados ao projeto, afirmou o líder comunista, responsabilizando também o PSD pelos mesmos.
RRL // JPS
By Impala News / Lusa
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