Moçambique introduz vacina contra malária este ano e imuniza 600 mil crianças

Moçambique prevê introduzir no segundo semestre de 2024 a nova vacina contra a malária, imunizando 600 mil crianças, disse hoje, em entrevista à Lusa, o diretor do Programa Nacional do Controlo da Malária, Baltazar Candrinho.

Moçambique introduz vacina contra malária este ano e imuniza 600 mil crianças

“Moçambique vai introduzir a vacina contra a malária este ano. Vai começar em pequena escala, numa província, e depois vamos passar, no próximo ano, para as restantes províncias”, assegurou à Lusa Baltazar Candrinho, antecipando o dia mundial da luta contra a doença, que se assinala anualmente a 25 de abril.

O responsável acrescentou que será utilizada a R21/Matrix-M, segunda vacina contra a malária para crianças, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e aprovada em outubro do ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Baltazar Candrinho disse que a vacina vai ser introduzida no segundo semestre, vacinando menores de 5 anos, numa província a divulgar posteriormente, processo que será alargado “no próximo ano” a outras.

Acrescentando que decorre neste momento a capacitação dos recursos humanos para a aplicação da vacina, bem como a criação de condições materiais para a sua conservação nas unidades sanitárias.

O diretor do Programa Nacional de Controle da Malária acrescentou que é meta do Governo de Moçambique arrancar com a vacinação em todo o país em 2025, numa altura que “haverá maior disponibilidade da vacina no mercado”.

“Não existe produção de vacina suficiente para todos os países. Então foi feita uma distribuição ainda em pequena [quantidade] e em pequena escala. Mas a garantia é que no próximo ano vamos expandir. A quantidade que nós conseguirmos ter este ano vai cobrir uma província e vamos escolher a que tem mais peso de malária”, explicou Baltazar Candrinho.

A vacina a utilizar em Moçambique é a segunda recomendada pela OMS, após a RTS,S/AS01 em 2021, seguindo os conselhos do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) e do Grupo Consultivo de Políticas sobre Malária (MPAG).

De acordo com a OMS, ambas as vacinas demonstraram ser seguras e eficazes na prevenção da malária em crianças e, quando aplicadas amplamente, deverão ter um grande impacto na saúde pública.

“A procura da vacina RTS,S excede largamente a oferta, pelo que esta segunda vacina é uma ferramenta adicional vital para proteger mais crianças mais rapidamente e para nos aproximar da nossa visão de um futuro livre de malária”, salientou, em outubro passado, o diretor-geral da OMS, Tendros Adhanom Ghebreyesus.

A vacina R21/Matrix-M foi aprovada pelo SAGE, após a sua reunião regular semestral realizada entre 25 e 29 de setembro do ano passado.

“Esta segunda vacina tem um potencial real para colmatar a enorme lacuna entre a procura e a oferta”, observou, em outubro do ano passado, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, acrescentando que as duas vacinas podem ajudar “a salvar centenas de milhares de vidas de jovens” no continente africano.

Em África, segundo a OMS, quase meio milhão de crianças morrem todos os anos devido à malária. A OMS espera que a nova vacina beneficie todas as crianças que vivem em áreas onde a doença é um risco para a saúde pública.

“Em zonas com transmissão da malária altamente sazonal (largamente limitada a quatro ou cinco meses por ano), a vacina R21 demonstrou reduzir os casos sintomáticos em 75% nos 12 meses seguintes a uma série de três doses”, quando administrada imediatamente antes da época, indicou o organismo.

“As estimativas de modelos matemáticos indicam que o impacto da vacina R21 na saúde pública deverá ser elevado numa vasta gama de locais de transmissão da malária, incluindo locais de baixa transmissão”, salientou Matshidiso Moeti, acrescentando que tem um custo de entre dois e quatro dólares por dose.

Pelo menos 28 países em África planeiam introduzir uma vacina contra a malária recomendada pela OMS como parte dos seus programas nacionais de imunização.

*** Paulo Julião (texto) e Estêvão Chavisso (vídeo), da agência Lusa ***

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By Impala News / Lusa

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