Museu de Arte Antiga vai exibir os quatro estudos finais de Domingos Sequeira

Uma exposição com os quatro estudos finais do pintor Domingos Sequeira (1768-1837) para a elaboração de “Adoração dos Magos”, “Descida da Cruz”, “Ascensão” e “Juízo Final” abre em 18 de abril no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Museu de Arte Antiga vai exibir os quatro estudos finais de Domingos Sequeira

As obras, que não são exibidas ao público, em conjunto, há quase três décadas, serão apresentadas na exposição “Sequeira: os estudos finais”, até 26 de maio, no âmbito de uma iniciativa integrada no Dia do Amigo, promovida pelo Grupo dos Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), indicou a entidade, em comunicado.

Os quatro estudos, que ficarão patentes na Sala do Teto Pintado do Museu, foram destinados às pinturas finais que Domingos Sequeira realizou em Roma, entre 1827 e 1833, ano em que deixou de trabalhar, e não são exibidos ao público, em conjunto, desde 1997, segundo o MNAA, que possui mais de 750 desenhos do artista no seu acervo.

Projetados em grandes formatos, à escala das pinturas, revelam que o pintor desenvolveu os quatro temas fundamentais do Cristianismo: a Adoração dos Magos, a Descida da Cruz, a Ascensão e o Juízo Final, cada qual imaginado como uma grande produção, num espaço amplo e envolvendo um grande número de figuras.

“Primeira etapa do processo de idealização das pinturas, nestes estudos, Sequeira mostrou a enorme mestria de que era capaz como desenhador. Evoca as formas e os volumes, modelados através do contraste do claro-escuro. E, no limite da desmaterialização das figuras que se encontram já apontadas, conduz-nos, em cada uma das composições, à descoberta das capacidades emotivas da luz, de grande eficácia expressiva e dramática”, descreve o museu na nota de imprensa sobre os desenhos.

Devido ao seu talento, o pintor português conseguiu proteção aristocrática e uma bolsa para se aperfeiçoar em Roma, onde privou com vários mestres e conquistou diversos prémios académicos. Viria a morrer na capital italiana em 1837.

“Dos desenhos resultam quatro visões que são também as reflexões do artista, sobre a tradição da arte europeia e os caminhos que defendia para a arte do seu tempo”, realça ainda o MNAA sobre as obras classificadas como bens de interesse nacional.

Em 2015-2016, através de uma campanha pública de angariação de fundos, o MNAA adquiriu a pintura “Adoração dos Magos” por 600 mil euros, e a Fundação Livraria Lello comprou a tela “Descida da Cruz” em março deste ano, por 1,2 milhões de euros, depois de o Estado português ter falhado a aquisição ao proprietário privado.

Através de um acordo assinado entre a fundação e o Ministério da Cultura, na altura, o quadro irá ser estudado e exibido em museus nacionais.

O caso gerou polémica após ter sido noticiada a autorização oficial da sua saída do país, contrariando pareceres de especialistas no sentido da classificação como bem de interesse nacional e aquisição que o Estado tentou ainda negociar até aos 850 mil euros, sem êxito.

Quando da apresentação, em março, no Palácio da Ajuda, da obra “Descida da Cruz”, a Museus e Monumentos de Portugal indicou que continuavam em curso as negociações para aquisição das pinturas “Ascensão”, e “Juízo Final”, ambas inacabadas, nas mãos de privados.

Criado em 1884, o MNAA alberga a mais relevante coleção pública do país – desde pintura, escultura, artes decorativas portuguesas, europeias e da Expansão — da Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, assim como a maior coleção de mobiliário português.

AG // TDI

By Impala News / Lusa

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