Nuno Cardoso encena “Hamlet” e aborda “Os Lusíadas” em ano de “redefinição” para TNSJ

O diretor artístico do Teatro Nacional São João (TNSJ), Nuno Cardoso, vai encenar em 2025 “Hamlet”, de Shakespeare, e dirigir a peça “Babel”, a partir de “Os Lusíadas”, num ano que será de “redefinição estratégica” para a instituição.

Nuno Cardoso encena

Em conferência de imprensa para a apresentação da programação dos primeiros sete meses de 2025 da instituição sediada no Porto, o presidente do conselho de administração do TNSJ, Pedro Sobrado, lembrou que o próximo ano vai ser “positivamente condicionado” por intervenções na área da eficiência energética, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em três espaços geridos pelo São João.

Assim, o edifício do São João vai ter atividade pública suspensa entre maio e outubro, enquanto o Mosteiro de São Bento da Vitória vai estar encerrado durante um ano, a partir do final do primeiro trimestre ou começo do segundo.

O TNSJ vai ainda entrar em 2025 com uma direção artística redefinida, estando por dias o anúncio do resultado do concurso internacional lançado em outubro, ao qual o atual diretor artístico, no cargo desde 2019, concorreu.

“Decorre neste momento um concurso para a direção artística do São João, encontramo-nos na fase final desse concurso e até ao final do ano ocorrerá um desfecho que será objeto de divulgação pública. Seja qual for o desfecho, o ano de 2025 é um ano de ponderação e de redefinição estratégica para um novo horizonte”, disse Pedro Sobrado.

O TNSJ entra em 2025 com a reposição da adaptação de “Fado Alexandrino”, de António Lobo Antunes, por Nuno Cardoso, entre 08 e 11 de janeiro, dias antes de chegar ao palco do Teatro Nacional do Luxemburgo.

Os destaques dos primeiros sete meses do ano passam por dois outros trabalhos de Nuno Cardoso enquanto produções próprias do TNSJ: “Hamlet”, de William Shakespeare, que vai estar em cena durante quase todo o mês de abril, e “Babel”, a partir de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, que se estreia no dia 10 de junho.

Segundo Nuno Cardoso, “Babel” será “uma reflexão sobre ‘Os Lusíadas’, sobre Camões e sobre a identidade da sociedade portuguesa em 2025”, algo que pode parecer “grandioso, mas não é”.

Juntando elementos de obras tão distantes de “Os Lusíadas” como “Tau Zero”, de Poul Anderson, e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, o espetáculo vai estar em cena até 14 de junho, no Teatro Carlos Alberto, e coloca em palco “um conjunto de pessoas numa estação de camionagem em Portugal, que reflete as comunidades que existem no país e essa estação de camionagem é acelerada até à velocidade Tau Zero, que faz com que as pessoas fiquem sozinhas para sempre e só tenham um livro para se divertirem que é ‘Os Lusíadas'”.

A programação do TNSJ e do Carlos Alberto vai também acolher “Frágua de Amor”, com encenação de António Augusto Barros, “A Colónia”, de Marco Martins, em janeiro, entrando em fevereiro com “Guião para um País Possível”, de Sara Barros Leitão, a estreia de “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, por Simão do Vale Africano, e a apresentação de “Maurice Accompagné”, de Paulo Ribeiro, um de quatro espetáculos de dança que vão passar pelo Porto até julho.

“Maurice Accompagné”, que também estará em cartaz no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, abre uma trilogia dedicada a diferentes épocas, às suas condições e constrangimentos, desde o século XX até à atualidade, a partir da música e dos seus compositores. Esta primeira parte irá incidir sobre o início do século XX, cruzando a vida e a obra de Luís de Freitas Branco e de Maurice Ravel.

Seguem-se, nessa área artística, “Há Qualquer Coisa Prestes a Acontecer”, de Victor Hugo Pontes, entre 27 de fevereiro e 02 de março, “Esta Hora de Espanto”, de Né Barros, nos dias de 19 a 22 de junho, e “O Salvado”, de Olga Roriz, entre 03 e 05 de julho.

A programação inclui ainda, entre outros, “Sul”, com texto e encenação de Tiago Correia, “A Médica”, encenada por Ricardo Neves-Neves, “Peregrinação”, de Mendes Pinto com encenação e interpretação de Marcelo Lafontana, e “Victor ou as Crianças no Poder”, de Roger Vitrac, encenada por João Pedro Mamede.

Em maio, o São João acolhe “Os Lusíadas Como Nunca os Ouviu”, por António Fonseca, e “Crocodile Club”, de Mickael de Oliveira, para além de nova edição do projeto Visitações, desta vez dedicado a Camões.

Como habitualmente também o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica vai passar pelos palcos do São João, com a apresentação, em maio, de “Vampyr”, de Manuela Infante, “Anna Karénina”, de Tolstoi, com encenação de Carme Portaceli, e “Gaviota”, a partir de Tchekhov, por Guillermo Cacace.

TDI // MAG

By Impala News / Lusa

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