O Brutalista e Emilia Pérez são os filmes do ano nos prémios Globos de Ouro

A primeira grande cerimónia de prémios do ano, os Globos de Ouro, distinguiu O Brutalista e Emilia Pérez como os melhores filmes do ano. O Brutalista foi o Melhor Filme Dramático e também conquistou o globo de Melhor Realização, com o protagonista Adrien Brody a vencer o prémio de Melhor Ator na categoria de drama.

O Brutalista e Emilia Pérez são os filmes do ano nos prémios Globos de Ouro

A primeira grande cerimónia de prémios do ano, os Globos de Ouro, distinguiu “O Brutalista”, de Brady Corbet, e “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, como os melhores filmes do ano, entregando várias estatuetas a ambos. “O Brutalista” foi o Melhor Filme Dramático e também deu a Brady Corbet o globo de Melhor Realização, com o protagonista Adrien Brody a vencer o prémio de Melhor Ator na categoria de drama.

“No centro de ‘O Brutalista’ está uma história sobre a capacidade humana para a criação”, afirmou Brody, que interpreta o arquiteto húngaro László Tóth na sua fuga para os Estados Unidos após a II Guerra Mundial. Ele próprio filho de uma húngara que fugiu da Europa pós-guerra, Brody mostrou-se muito emocionado pela vitória, dizendo que deve muito à mãe e aos avós pelo sacrifício que fizeram. “Espero que este trabalho possa elevar-vos e dar-vos uma voz”, afirmou.

O realizador Brady Corbet, que subiu duas vezes ao palco do Beverly Hilton, onde os prémios foram entregues, disse que ganhar tinha muito significado para um filme que até há poucos meses tinha tudo contra ele. “O Brutalista” demorou mais de sete anos a ser feito e foi com a A24 e Warner Bros. que se tornou um dos títulos mais cotados do ano. “Obrigado a todos os que apostaram neste filme quando estava a desmoronar-se”, agradeceu Corbet.

O cineasta usou a segunda ida a palco para dizer que tem de ser o realizador a ter a palavra final na edição. “Disseram-me que este filme era impossível de distribuir, que ninguém ia vê-lo, que não ia funcionar”, lembrou Corbet, sobre a longa-metragem. “Os filmes não existem sem os cineastas, vamos apoiá-los”, urgiu. “Ninguém pediu um filme de três horas e meia sobre um designer de meio do século, mas funciona”.

O outro grande vencedor da 82ª cerimónia dos Globos de Ouro foi o filme do francês Jacques Audiard “Emilia Pérez”, um musical sobretudo falado em espanhol. Protagonizado pela atriz transgénero Karla Sofía Gascón, Zoe Saldaña e Selena Gomez, levou para casa quatro globos de ouro: Melhor Filme Musical ou Comédia, Melhor Filme em Língua Estrangeira, Melhor Atriz Secundária em filme para Zoe Saldaña e Melhor Canção Original, “El Mal”.

“Obrigada por celebrarem o nosso filme e honrarem as mulheres de ‘Emilia Pérez'”, disse a atriz Zoe Saldaña, que chorou abertamente no discurso de aceitação.”Karla, mais ninguém teria podido interpretar Emilia. És única”, disse, olhando para a atriz. Na estatueta final, Jacques Godiard deu o palco a Karla Sofía Gáscon, que aproveitou o momento para deixar uma mensagem ao mundo sobre a comunidade transgénero.

“A luz ganha sempre à escuridão. Podem prender-nos, bater-nos, mas nunca podem roubar a nossa alma, a nossa existência, a nossa identidade”, afirmou a atriz. “Levantem as vossas vozes e digam: sou o que sou, não o que tu queres”, acrescentou. Gascón estava nomeada na categoria de Melhor Atriz em filme musical ou comédia, mas perdeu para Demi Moore, que fez um dos discursos mais longos e emotivos da noite.

“Estou em choque”, disse a veterana. “Faço isto há 45 anos e esta é a primeira vez que recebo alguma coisa como atriz”, sublinhou. Moore interpreta Elisabeth Sparkle em “A Substância”, que tem um dos argumentos considerados mais inesperados do ano. A atriz, com 62 anos, aceitou este papel numa altura em que estava praticamente a desistir da carreira. “Há 30 anos, um produtor disse-me que eu era uma atriz de pipocas”, revelou Moore.

“Percebi isso como significando que isto era algo que eu não podia ter, que podia fazer filmes de sucesso e muito dinheiro mas não ter reconhecimento”, disse. Essa ideia foi corrosiva ao longo dos anos. “Foi quando estava em baixo que este argumento ousado, corajoso, fora da caixa, absolutamente doido me apareceu. O universo disse-me que eu ainda não estava acabada”, revelou Moore.

Kieran Culkin venceu Melhor Ator Secundário em filme, por “A Verdadeira Dor” e, na categoria de Melhor Ator em filme musical ou comédia, o galardão foi para Sebastian Stan, por “Um Homem Diferente”. Stan considerou estes filmes necessários e disse ser preciso acabar com “a ignorância e desconforto” que sentimos com as deficiências.

O Melhor Filme de Animação foi “Flow”, um título vindo da Letónia, a Melhor Banda Sonora a de “Challengers”, enquanto “Conclave”, sobre a escolha de um papa e a mecânica do Vaticano, ganhou Melhor Argumento. “Wicked” venceu um prémio criado no ano passado, de Conquista Cinemática e de bilheteira. A 82ª cerimónia dos Globos de Ouro decorreu esta madrugada em Beverly Hills e foi histórica por ter dado a primeira estatueta de sempre a uma atriz brasileira, Fernanda Torres, em “Ainda Estou Aqui”.

A próxima cerimónia de prémios é a da Associação de Críticos, os Critics Choice Awards, e acontece em 12 de janeiro.

Os vencedores nas categorias de Cinema

Melhor Realização

Brady Corbet, “O Brutalista” (A24)

Melhor Argumento

Peter Straughan, “Conclave” (Focus Features)

Melhor Filme Dramático

“O Brutalista” (A24)

Melhor Atriz em Filme Dramático

Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui” (Sony Pictures Classics)

Melhor Ator em Filme Dramático

Adrien Brody, “O Brutalista” (A24)

Melhor Atriz Secundária em Filme

Zoe Saldaña, “Emilia Pérez” (Netflix)

Melhor Ator Secundário em Filme

Kieran Culkin, “A Verdadeira Dor” (Searchlight Pictures)

Melhor Filme Musical ou Comédia

“Emilia Pérez” (Netflix)

Melhor Atriz em Filme musical ou comédia

Demi Moore, “A Substância” (Universal Pictures)

Melhor Ator em Filme musical ou comédia

Sebastian Stan, “A Different Man” (A24)

Melhor Filme de Animação

“Flow”, Gints Zilbalodis (Dream Well Studio)

Melhor Filme em Língua Estrangeira

“Emilia Pérez”, França (Netflix)

Melhor Canção Original

“El Mal”, interpretada por Zoe Saldaña, “Emilia Pérez” (Netflix)

Melhor Banda Sonora

Trent Reznor e Atticus Ross, “Challengers” (Amazon MGM Studios)

Conquista cinemática e de bilheteira

“Wicked” (Universal Pictures)

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