Obras nos museus de Arte Popular e Nacional de Etnologia começam entre outubro e janeiro

As obras no Museu de Arte Popular e no Museu Nacional de Etnologia, ambos em Lisboa, começam no primeiro trimestre de 2025 e no último deste ano, respetivamente, .no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência,

Obras nos museus de Arte Popular e Nacional de Etnologia começam entre outubro e janeiro

Lisboa, 03 ago 2024 (Lusa) — As obras no Museu Nacional de Etnologia e Museu de Arte Popular, em Lisboa, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, começam no último trimestre deste ano e no primeiro trimestre de 2025, segundo o Ministério da Cultura.

Contactada pela agência Lusa sobre o ponto da situação das intervenções previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a tutela indicou que o projeto de execução para o Museu Nacional de Etnologia (MNE) “já foi entregue, e prevê-se que o início das obras tenha lugar no quarto trimestre de 2024”.

Quanto ao projeto de execução para o Museu Nacional de Arte Popular (MAP), “encontra-se em desenvolvimento, prevendo-se o início das obras no primeiro trimestre de 2025”, indicou o gabinete da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, numa resposta às perguntas da Lusa.

As verbas alocadas a cada um dos museus – reunidos numa unidade única desde 2012 – são, respetivamente, 1,2 milhões de euros e 3,2 milhões de euros, segundo os valores inscritos no PRR para o património cultural, que prevê a requalificação e conservação dos museus, monumentos e palácios públicos.

Contactado também pela Lusa, o diretor dos dois museus, Paulo Costa, disse que as obras previstas para MNE e o MAP vão contemplar o sistema de climatização, a requalificação das coberturas dos edifícios e a criação de um centro interpretativo.

“O projeto para o MNE está concluído, e foi entregue há pouco tempo ao IP-PC [Património Cultural – Instituto Público] para aprovação”, e, no caso do MAP, “está a ser desenvolvido neste momento”, afirmou o responsável pela gestão dos equipamentos, assinalando que “estão a ser cumpridos os calendários previstos para estes dois projetos”.

“O PRR é uma oportunidade única que não pode ser desperdiçada”, salientou Paulo Costa, responsável pela direção desde 2015, sobre este programa europeu de aplicação nacional, com um período de execução até 2026.

O objetivo do programa é implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado em várias áreas, entre elas a cultura, após a pandemia.

Na área do património cultural estão definidas 76 intervenções que contemplam 73 sítios, museus, monumentos, palácios nacionais e sítios com um valor global de 214,1 milhões de euros.

Paulo Costa disse à Lusa que o projeto de requalificação do MNE — que reúne uma coleção com 42 mil peças de 80 países dos cinco continentes — “visa sobretudo a remodelação e substituição completa do sistema de AVAC [Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado] para assegurar a devida climatização das coleções, e o conforto dos visitantes nas salas de exposição, auditório e zonas públicas”.

“Também estão previstas intervenções numa última cobertura [do edifício] que falta ser requalificada”, disse sobre um museu cujo acervo reúne objetos oriundos de diversas partes do mundo.

Inaugurado em 1976, o edifício onde o museu se encontra atualmente, na zona do Restelo, foi desenhado pelo arquiteto António Saragga Seabra, e permitiu, na altura, concretizar o programa museológico definido por Jorge Dias e os seus colaboradores — Margot Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira — que introduziram a antropologia moderna em Portugal.

“O MNE foi um museu muito inovador na sua criação: queria ser um espaço para todas as culturas do mundo”, recordou à Lusa Paulo Costa, que chegou a conhecer alguns dos fundadores, o último deles Benjamim Pereira, que morreu em 2020.

Questionado sobre a última vez que o MNE foi alvo de obras, recordou que foram realizadas em 2000 através de uma ampliação financiada pelo Programa Operacional da Cultura, “que permitiu a construção de novos setores de reservas e o tratamento da envolvente do museu”.

“Gostaríamos de poder fazer agora muito mais, particularmente no caso do MNE, mas 1,2 milhões de euros foi o teto para a intervenção, e foi com esse limite que tivemos de definir as necessidades atuais”, disse Paulo Costa à Lusa.

Já o caso do projeto de intervenção do PRR para o MAP “visa também intervenções nas coberturas, e a definição de espaços para uma zona de exposição do núcleo de interpretação do sítio histórico, porque o edifício é um pavilhão construído para a Exposição do Mundo Português de 1940, classificado como monumento de interesse publico, que tem essa valia patrimonial peculiar”.

“Vai ter outras frentes de requalificação viradas para a fruição dos públicos, mas as obras serão particularmente focadas na preservação do edifício que é um exemplar de arquitetura efémera”, com uma história de 80 anos.

O edifício, localizado em Belém, “não estava destinado a sobreviver todas estas décadas, e apresenta patologias originais que condicionam largamente o quotidiano da gestão do edifício e da sua manutenção”, observou o museólogo.

“Até 2010 o MAP esteve encerrado para uma profunda obra de remodelação, mas entretanto decorreram mais 14 anos e precisa de beneficiações. Este é o momento certo com o investimento do PRR de dotá-lo de outras funcionalidades e de proteger o edifício e o património integrado que ele alberga”, sustentou.

No caso do MAP estarão disponíveis 3,2 milhões de euros: “É um pouco mais [do que o MNE], por ser um edifício com as suas singularidades arquitetónicas e as suas muitas necessidades em termos de preservação do edificado. Precisa de outro tipo de intervenções”.

De acordo com o Ministério da Cultura, as intervenções nos museus, no âmbito do PRR, estão a “decorrer desfasadamente”, encontrando-se algumas já concluídas, nomeadamente no Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, e no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora.

Outras estão em fase de conclusão, como o Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, e o Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra, indicou a tutela à Lusa.

AG // TDI

By Impala News / Lusa

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