Pandemia responsável por metade das mortes em Santa Maria desde maio
A covid-19 foi a causa da morte de metade dos 24 óbitos ocorridos em maio e junho no Hospital Santa Maria, em Lisboa, em doentes positivos ao coronavírus SARS-Cov-2.
A covid-19 foi a causa da morte de metade dos 24 óbitos ocorridos em maio e junho no Hospital Santa Maria, em Lisboa, em doentes positivos ao coronavírus SARS-Cov-2, tendo os restantes morrido devido a outras doenças. A informação foi avançada hoje à agência Lusa pelo diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que engloba os hospitais Santa Maria e Pulido Valentes, ressalvando que a “amostra é pequena” e os números não podem ser extrapolados.
“O que temos verificado é que os óbitos correspondem maioritariamente, na nossa casuística, a doentes idosos”, disse Luís Pinheiro, precisando que, em maio, a média de idade foi de 77 anos e nos primeiros seis dias de junho foi de 79 anos. Muitos destes doentes tinham a vacinação completa, mas já há alguns meses, disse, reforçando o apelo aos mais idosos para fazerem o reforço da vacina.
“Se não fosse a vacinação, o número de óbitos seria certamente muito maior, assim como os internamentos com a doença. Portanto, mesmo ao fim de alguns meses, ainda há um efeito relevante da vacinação na diminuição da gravidade da doença”, salientou. Luís Pinheiro apelou ainda à população para ter “cuidados acrescidos” junto das população mais idosa ou com doenças graves concomitantes, porque é nestas populações que “o risco de quadros mais graves é maior”.
Segundo o responsável, “só 15% a 20%” dos cerca de 100 doentes positivos internados têm a doença covid-19, explicando que grande parte recorre ao hospital por “outra coisa qualquer”. “Como se faz o teste a todos os doentes internados, acabamos por identificar, tal como na comunidade em geral, casos positivos de forma inesperada, pelo menos sem doença evidente”, um perfil que se tem mantido nas últimas duas semanas em termos dos internamentos.
Neste momento, o hospital tem uma modalidade diferente de internamento dos doentes positivos que permite interná-los com “todas as garantias de segurança” em espaços próprios, mas descentralizados. “Temos cerca de 100 doentes internados e apenas 37% estão nas antigas enfermarias direcionadas para covid-19, o que significa que temos 63% destes doentes que estão em enfermarias gerais, naturalmente separados dos outros doentes, mas descentralizados a nível do hospital, porque são internados por doenças que não é a doença covid”, explicou.
Sublinhou ainda que, mesmo dos que estão nas enfermarias direcionadas para a covid-19, “cerca de metade não tem doença covid significativa”. Este é “o panorama global” dos internamentos dos doentes positivos e que se tem mantido estável ao longo das últimas duas semanas, desde que foi implementada a nova modalidade de internamento, que foi “perfeitamente bem aceite”. “É prático e seguro nas diversas enfermarias”, disse, sublinhando, que tem sido feito em “grande articulação” com a Comissão de Controle de Infeção.
O hospital tem vindo assistir a “uma estabilização em baixa” do número de doentes positivos internados em cuidados intensivos. Hoje estão três doentes. “Claramente que o panorama de internamento atual é diferente do que já foi. Ou seja, os doentes positivos, a larguíssima maioria não apresenta doença covid, mesmo quando são internados”, vincou. Luís Pinheiro disse ainda que Santa Maria regista 50 a 60 episódios de urgência por dia de pessoas com um quadro respiratório ou com eventual suspeita de infeção, o que representa entre 15% e 20% da afluência à urgência geral de adultos, sendo que “a larguíssima maioria não é internada”.
Em relação à urgência geral, afirmou que os picos do total de todas as urgências ultrapassaram os 800 episódios diários há cerca de duas semanas, não voltaram a acontecer, mas mantêm-se 650 episódios diários, sendo que muitos destes doentes carecem de uma abordagem mais complexa.
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